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Como escrevi “Kyrie Eleison” – Coletânea Magos, por Liége Báccaro Toledo

Quando a querida Ana Lúcia Merege me convidou para escrever uma história com magos, a proposta da coletânea ainda era um pouco diferente, envolvendo um foco maior no romance. Fiquei muito, muito feliz, mas, ao mesmo tempo, apreensiva. Eu nunca tinha escrito algo assim, sob demanda. Sinceramente, achei que não daria conta – porém, a vida deu um jeito de eu encontrar minha história.

Eu costumo pensar nas minhas referências e inspirações como uma grande nuvem, uma massa de memórias, gostos e impressões um tanto caótica que, às vezes, resulta em alguma coisa. Kyrie Eleison tem vários pilares que o sustentam, desde lembranças de infância até conceitos próprios de religiosidade/espiritualidade e personagens de séries e livros que me cativaram. Mas, o mais curioso é que o nome do conto surgiu antes dele – e isso nunca acontece comigo. No momento em que a Ana me falou sobre uma coletânea envolvendo magos, estas duas palavras – Kyrie Eleison – surgiram em minha mente. Quando pequena, eu tinha medo de ficar sozinha e de dormir no escuro, então, nessas ocasiões, era comum meus pais deixarem música tocando. Uma delas repetia esse mantra incessantemente. Eu nem sabia o que significava, mas gostava da sonoridade das palavras e elas me acalmavam; pareciam tão mágicas quanto “abracadabra”, por exemplo. Só depois fui descobrir que é uma oração cristã, vinda do grego, e significa “Senhor, tende piedade”.

A partir daí, pensei: a magia e o poder das palavras são conceitos que andam juntos em muitas histórias e tradições. E, para mim, a fé, seja no que for, também é um tipo de magia poderosa. O que é uma oração senão um comando místico, mágico mesmo? Não foi difícil relacionar isso tudo a um personagem que havia me chamado muita atenção na época: Athelstan, o monge cristão da série Vikings, cuja mistura de curiosidade, ingenuidade e fragilidade me cativaram e me inspiraram. Apesar de amar alta fantasia, eu queria fazer algo diferente e que saísse um pouco da minha zona de conforto… então, comecei a imaginar como seria a vida de um jovem monge peregrino em conflito por ter poderes que não entende – ou, pior, que entende como algo mau, vindo de fontes pouco sagradas…

O Aldred, monge saxão e personagem principal do conto, é fruto desse questionamento. E como cenário para a jornada do personagem rumo à redenção, eu escolhi a Irlanda, que é um país que me fascina e que adotou o catolicismo de uma forma muito peculiar. Daí surgiram a curandeira Aislinn e sua mãe, que também conhecem a magia e sabem de onde ela vem…

Foi bem difícil escrever Kyrie Eleison, pois eu nunca havia me atrevido a adentrar os terrenos da fantasia histórica. Precisei pesquisar bastante sobre a vida no país e na época que eu escolhi, e fiquei morrendo de medo de cometer alguma gafe, algum anacronismo. Mas, continuei, mantive o elemento romance e tentei deixar tudo isso verossímil. Agora, é esperar para ver se minha mistura de ingredientes vai dar num bolo agradável ao paladar dos leitores – se não de todos, ao menos daqueles que possam se identificar com o conceito de magia sutil e quase “druídica” que eu tentei passar.

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2 Comments

  1. Querida, muito obrigada por seu conto maravilhoso. Você é ótima em fantasia histórica, viu? Eu adorei o resultado. E pode esperar, se eu tiver chance, te chamarei para outras das minhas maluquices! Beijo carinhoso!

    • Liége disse:

      Eu que agradeço, Ana, foi uma honra participar dessa coletânea! E pode me chamar para quantas “maluquices” quiser, por favor! Beijos!