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Como escrevi “Jeremejevite”, por Cristina Pezel

Às vezes penso sobre qual seria minha cor preferida, a mais importante. É um pensamento tão inofensivo, trivial.

Ao me deparar com a chamada da Draco para a coletânea Duendes, ouvi uma voz que me dizia: “Contos Sombrios? Vamos, vamos! Participar será bom”.

Não…não, respondi para a voz indefinida. Embora eu escreva literatura fantástica e AME escrever contos, o “dark” não era muito meu terreno.

Dark, sombrio. Não consigo ser dark nem sombria.

“Mas é tão interessante essa chamada… olhe só: O Reino Invisível sempre esteve perto de nós. E além do mais, você sente atração pelo lado sombrio”.

Era a voz! Ei, não sinto não! Sou uma pessoa muito boazinha, pacífica, pisciana!

Contrariando minhas próprias determinações, naquela noite sentei-me diante do computador e comecei a trabalhar em Jeremejevite, enquanto meu lado racional estava decepcionado porque meu cérebro não gostava de escrever coisas lúgubres.

Jeremejevite é um conto urbano que narra a chegada da família de Cibele em sua nova, bela e ampla casa em uma indefinida cidade, provavelmente europeia. Uma cortina do espaço dimensional transpassa momentos específicos da história, levando-nos a um reino invisível que divide o espaço com a residência da família. Há um toque brasileiro no jeito dos personagens, e quis escrever sobre detalhes dos quais o leitor venha a se lembrar olhando para coisas em sua própria casa ou sua vida.

E ali, sendo o patife da história, um desprezível duende inominado. Com um jeito muito próprio de falar – ao qual o leitor deve se acostumar logo nos primeiros diálogos, espero –   relembra sua trajetória de existência até então.  Exigente, ameaçador, carente, chantagista abominável, nervoso, instável. Talvez Cibele também o seja.

Foi um conto desconfortável, duro de escrever, e de fato, fez-me sofrer. O leitor provavelmente quererá lê-lo duas vezes, para entender se leu direito, ou se interpretou as coisas como pareceram ser. Qualquer que seja a interpretação, é incômoda e indigesta, é sombria e triste, e não sabem como isso me dói!

Mas esse é meu ofício, escrever… e por piegas que pareça a afirmação, não tive o direito de impedir que essa história fosse contada.

Gosto muito da azul.

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O Reino Invisível sempre esteve perto de nós. Além dos círculos de pedra, no coração das florestas, em dimensões das quais nos separa uma frágil barreira, um povo muito antigo nos espreita com olhos cheios de paixão, curiosidade, sabedoria – mas também inveja e maldade. Seu universo é cruel e violento, repleto de traição, vingança e crianças roubadas. E basta um rápido olhar para os contos tradicionais para saber que os duendes não são as criaturinhas adoráveis que as versões modernas fazem parecer.

Você pode pisar num círculo de trevos ou cogumelos. Pode fiar uma meada de lã. Ou pode participar do novo projeto da Draco no Catarse. De qualquer jeito, prepare-se: uma vez que tenha entrado em seus domínios, os duendes não vão te largar, e você talvez só consiga voltar de lá daqui a muito tempo. Pelo menos o tempo que levar para ler este livro até o fim.

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