Flávio Medeiros Jr. fala sobre o romance Homens e Monstros – A Guerra Fria Vitoriana
setembro 11, 2013
#ContosdoDragão: Ficções desencontradas, por Fernando Salvaterra
setembro 13, 2013

Excalibur: Escrevendo “O espelho”, Liège Báccaro Toledo

Meu coração começou a bater rapidamente quando passei a enxergar algo mais naquela superfície brilhante. Alguma coisa se mexia no espelho, embora eu e minha irmã estivéssemos completamente paradas. Compreendi, estarrecida, que não eram mais os nossos reflexos que estavam ali.

 

Comecei a enxergar imagens. Não eram coisas assustadoras, como esperava, mas senti uma tristeza inigualável invadir meu peito. Eu vi luzes enfileiradas em meio à escuridão, e de alguma forma soube que pertenciam a um cortejo fúnebre. Vi donzelas brincando à beira de um rio, com trajes que lembravam figuras medievais. Vi um jardim de lírios, vi camponeses trabalhando em campos de cevada e, por fim, vi um pajem trajando roupas vermelhas, andando em direção a um lindo castelo de paredes claras.

 

Fiquei encantada com a visão, e por alguns segundos esqueci-me de minha irmã e de meu medo. Foi nesse momento que escutei uma voz sussurrar em meus ouvidos, uma voz melancólica e cheia de ecos.

 

A maldição cairá sobre ti se olhares diretamente para Camelot.

gustave_dore

Idylls of the King – Gustave Doré

Fantasia medieval sempre me atraiu, desde que eu me lembro por gente, e as histórias envolvendo o universo arthuriano não poderiam ficar de fora de todo esse fascínio. Lembro-me de passar bastante tempo pesquisando, na internet mesmo, lendas e contos que envolvessem Avalon, a dama do lago e Lancelot e Guinevere. Na minha pré-adolescência, entrei em contato com As Brumas de Avalon, que acabou se tornando minha versão favorita da saga de Arthur e seus cavaleiros, e me apaixonei ainda mais por esse universo. Nessa mesma época, em algum lugar, acabei lendo a história da dama de Shalott, em forma de conto – infelizmente não me lembro onde esse conto estava e nem quando o vi, mas lembro que a história me marcou muito.

Só fui conhecer o poema de Alfred Tennyson, de fato, quando o ouvi em uma versão musicada, The Lady of Shalott, composta pela cantora Loreena Mckennitt. À medida que ia ouvindo a canção, fui reconhecendo a história e, no mesmo dia, já descobri o poema em sua forma original e completa e o li.

Desde então, eu sempre estive intrigada pela figura da dama de Shalott. Quem era ela? Por que era obrigada a olhar o mundo por meio de um espelho ou suma maldição cairia sobre si? O que teria acontecido com ela depois de sua morte? Por algum motivo, sempre imaginei que a história dela não havia terminado ali, quando Lancelot a viu sem vida em um barco e declarou que ela tinha um belo rosto…

Foi isso que me levou a escrever O espelho. Partindo da premissa de que o espírito dessa dama ainda procura pela vida que não teve, eu imaginei seu espelho como um artefato que carrega o peso de sua maldição. O que poderia a dama de Shalott fazer para recuperar aquilo que perdeu?

Quer ler esse e outros contos da coletânea Excalibur – histórias de reis, magos e távolas redondas? Acesse: http://editoradraco.com/2013/09/02/excalibur-historias-de-reis-magos-e-tavolas-redondas/ e garanta o seu exemplar!

0 Comments

  1. Gisele Bizarra disse:

    Aaaaahhh! Caramba!!! Quero o livro, mas não posso comprar ainda T_T

  2. Jacó Galtran disse:

    Muito interessante.

    Aguardo com ansiedade o meu exemplar.

  3. Melissa de Sá disse:

    A dama de Shalott é mesmo uma das histórias mais intrigantes de toda mitologia arturiana e esse lance com espelhos… realmente faz a imaginação da gente ir longe. Estou muito curiosa com seu conto, Liége, principalmente sabendo que você o situou numa época diferente.

    🙂

    • Liége disse:

      Pois é, Melissa, é mesmo uma história intrigante e essa questão do espelho dá muito pano pra manga. Espero que vocês gostem do conto mesmo, pois eu gostei bastante de escrever ele e de me aventurar por territórios desconhecidos em termos de ambientação.