O editor pediu para eu tirar do meu caldeirão cinco ingredientes que influenciaram o processo criativo do meu primeiro romance de fantasia Lagoeana – O Portal dos Desejos. Desafio aceito e sem embromação. E lá vamos nós!
Impossível falar sobre Lagoena e não lembrar da querida Nárnia, do país de Aslam e das aventuras que aconteceram lá. Pena que eu só conheci esse mundo maravilhoso aos 18 anos, ele não fez parte da minha infância. Nosso encontro foi tardio, mas as histórias contadas por C.S.Lewis não deixaram de me encantar, e até hoje quando abro o volume único, sinto o mesmo aroma de quando o abri pela primeira vez, o que para mim é sempre um convite para releitura. As Crônicas de Nárnia e C.S. Lewis me ensinaram como fazer a tênue passagem da realidade para a fantasia. Foi muito fácil, como se me pegassem pelas mãos e me fizessem atravessar o armário escondido num quarto vazio com a naturalidade de atravessar uma simples porta ou dobrar uma esquina.
Li Alice no País das Maravilhas na adolescência, leitura obrigatória no colégio. Antes eu só conhecia a história através da animação da Disney, que na época, já me deixava bastante intrigada. Muitos anos depois, tendo o contato com o livro, não foi diferente, aquele enigma escondido sob a superfície de Alice no País das Maravilhas, aquela loucura e esquisitice nos diálogos só aumentou ainda mais meu interesse, tanto que usei o tema para defender o TCC da minha graduação. Nos três últimos livros que li recentemente, dois faziam referência a obra de Lewis Carroll, então, está sendo a releitura da vez, para relembrar da história e seus detalhes e em parte para preparação do segundo livro da trilogia Lagoena (estou devendo a leitura de Alice no País dos Espelhos). Os mistérios de Alice me ajudaram a criar os enigmas do Mapa Mágico, foi dessa fonte que eu bebi. Quando comecei a esboçar os enigmas e criar soluções para eles tive consciência que me inspirava no mundo doido de Carroll (sem ofensas).
Quando resolvi que escreveria um livro de literatura fantástica, prontamente fui à locadora de vídeos e peguei uns que foram inspirados em livros, O Senhor dos Anéis foi um deles. Vi anos depois do lançamento, depois de toda euforia, na cidade onde eu morava nem cinema tinha. Claro que me senti maravilhada com tanta beleza, virei fã de Tolkien antes mesmo de ler qualquer obra dele. Ganhei o DVD da trilogia menos de um ano depois e acho que já assisti mais de 100 vezes, sendo que já tem 1 ou 2 anos que não assisto. Também não demorou muito que eu ganhasse O Hobbit (livro), depois comprei o livro da trilogia. Ah! O que foi aquilo?! Minha imersão foi imediata! Me surpreendi como J.R.R. Tolkien conseguia carregar tanta poesia e delicadeza na sua narrativa precisa, como ele enxergava o mundo dele com tanta precisão como se conhecesse a quantidade de linhas que tinha nas palmas das mãos. Aprendi com Tolkien que um cenário natural pode virar uma bela poesia na mente do leitor, sim, ele tinha esse dom de transformar tudo em maravilhoso e belo. Beleza é a palavra chave de toda obra de Tolkien.
Ainda há pouco falei sobre charadas, enigmas e um Mapa Mágico, este não é um simples pergaminho amarelado e também não faz parte do livro Lagoena – O Portal dos Desejos como mera alegoria, ele tem um propósito, ele dá suas cartadas, comanda o caminho, ele sempre é o grande responsável pelas viradas na história. Quando pensei no Mapa Mágico e sua função, associei o jogo do filme Jumanji (1995) estrelado por Robin Williams. O filme foi baseado num livro com o mesmo título, lançado em 1982 por Chris Van Allsburg, nunca li. O fato é que assim como o jogo Jumanji brincava com o destino dos jogadores com tanta facilidade, o Mapa Mágico também faria e os leitores dele passaram por fases, seriam testados como se estivesse num jogo até chegar à última prova e receber sua recompensa.
Seria injusto não citar os contos de fadas aqui, logo eles que foram meu primeiro contato com a literatura fantástica. Lembro-me de ter sido presenteada pelo meu pai com uma versão de A Branca de Neve e Cachinhos Dourados acho que antes do cinco anos, havia belas ilustrações e tocava música, o clássico Pour Elise de Beethoven. Também tive contato com essas histórias através das animações da Disney, mas o importante é que eu nunca deixei de conhecê-las através da palavra escrita com o passar dos anos. Até hoje procuro conhecer suas diferentes versões e analisá-las dentro dos limites que meu conhecimento na área permite. Eu tentei lembrar e trazer a admiração que tenho por essas histórias para meu trabalho com Lagoena e no futuro, os contos de fadas ainda serão muito importantes.
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Olá, Laísa Couto, adorei o seu post, e fiquei curiosíssimo para ler seu livro, já não sou um fã de literatura fantástica, esse estilo fez parte da minha adolescência e foi a porta de entrada para o mundos dos livros. Curioso é que já li os livros que te inspiraram para escrever Lagoena; já li a trilogia do Senhor dos Anéis, assim como o Hobbit e o Silmarilion (sou um grande fã de Tolkien); li o primeiro livro da série Nania (O sobrinho do Mago); Alice é linda, se tiver outra filha esse vai ser o nome dela; eu costumava brincar de Jumanji com meus irmãos quando criança, a gente criava o tabuleiro com cartolina e inventava charadas um para os outros; e os contos de fadas… simplesmente clássicos! Vai ser os primeiros livros q minha filha vai ler, espero rsrs.
As histórias fantásticas e fantasia me dão uma sensação nostálgica. São historias especiais e lindas.
Meus gostos mudaram, atualmente prefiro romances clássicos filosóficos kkk, mas com certeza os livros de fantasia tem um lugar especial em meu coração.
Parabéns pelo seu livro, vou comprar e ler com certeza. E quando terminar te mando minha opinião, ok.
Abraços
Obrigada pelo comentário, Uesllei,
Não sei se a fantasia um dia passe apenas como uma fase na minha vida, na verdade, não me vejo no futuro sem ela, que de certa forma ela se apossou de alguma parte de mim. Hoje ainda continuo lendo esses livros, outro dia reli Alice, agora estou justamente relendo O Sobrinho do Mago, aos pouco releio a série toda. Estou pendente com O Silmarilion, adquiri a obra este ano junto com Filhos de Húrin numa promoção, um dia faço a maratona Tolkien. Meu ritmo de leitura andou muito comprometido nos últimos tempos, principalmente por causa da várias revisões que fiz no livro de minha autoria citado acima, então, eu cansava muito fácil. Fico contente por ter se interessado no livro, aguardarei sua opinião sobre a história.
Oi Lah!
Você bebeu mesmo de fontes maravilhosas! Aliando isso ao seu talento inegável saiu um história maravilhosa e bem construída. Com certeza, eu espero que LAGOENA futuramente também seja uma fonte inesgotável para novos autores!
Um Beijo!
http://luahmelo.blogspot.com
Pensamento… Apoteose da Dúvida
Oi, Luana!!
Obrigada pelo comentário, pelo apoio e entusiasmo de sempre!