Quando ouvimos falar de “vikings”, termo pelo qual ficaram conhecidos os nórdicos na cultura popular, logo pensamos em batalhas sangrentas, saques e pilhagens e navios com cabeça-de-dragão. Ah, e nos icônicos elmos de chifre!
De fato, os guerreiros (e aqui também se incluem as mulheres. Veja esse artigo e esse post) provenientes das terras que hoje fazem parte da Noruega, Dinamarca e Suécia eram bravos lutadores, navegavam em navios com feras entalhadas na proa, mas… NÃO usavam elmos com chifre!
Sinto te dizer a verdade, mas os “chifres” são invenções bem posteriores! É possível que houvesse artefatos cerimoniais decorados com chifres e asas; contudo, na batalha, quanto mais praticidade e menor peso desnecessário, melhor. Portanto, um elmo com chifres seria pouco funcional. Veja esse artigo.
Os nórdicos eram fantásticos! E a sua cultura, organização social e tecnologia iam muito além desses estereótipos que vemos na mídia.
Veja agora cinco curiosidades sobre os vikings.
Hã? Eduardo, não estou entendendo mais nada!
Calma… Eu te conto.
Esse assunto ainda causa boas discussões entre os pesquisadores do tema, mas o fato é: os escandinavos – que genericamente também são chamados de nórdicos – não usavam essa palavra para se descrever, tampouco os povos invadidos por eles a usavam. Ela era raramente encontrada em pedras rúnicas. E, quando aparecia, era na expressão fara í viking (algo como: ir em viagem comercial, de pirataria, de expedição/invasão guerreira).
Aqueles que tiveram contato com os escandinavos tinham nomenclaturas diferentes para designá-los. Por exemplo, os ingleses e os irlandeses os chamavam de pagãos e dinamarqueses (mesmo se não viessem daquele território); os povos da Europa Oriental usavam as alcunhas de rus e varegues.
Agora, que eles eram chamados de demônios por muitos, isso é fato. Principalmente pelos membros da Igreja Católica, pois os “vikings” não respeitavam os templos, a cruz e muito menos as maldições e ameaças proferidas pelos padres, monges e bispos – geralmente quando estavam prestes a ter as cabeças separadas dos corpos.
Eles não respeitavam o status dos “homens de Deus”. Apenas comemoravam o butim farto de ouro e prata que igrejas e mosteiros lhes proporcionavam.
Quer saber mais? Recomendo a leitura desse artigo e dessa definição etimológica.
Também conhecido como longship/langskip, esse navio trazia muita tecnologia naval e foi o principal responsável pelo sucesso das incursões dos nórdicos. Ele navegava muito bem em mar aberto e em rios. Singrava as águas com o uso de vela quadrada ou com a força dos remadores.
Era geralmente construído com a madeira de carvalho – árvore associada a Odin -, que possuía excelente resistência e durabilidade. Outras árvores, como o olmo, o abeto e o pinheiro eram utilizadas na fabricação das partes internas, pois estas precisavam ser mais leves e não demandavam tanta resistência.
E essa engenharia naval só se desenvolveu porque os construtores eram o “grande trunfo”. Empregavam conhecimentos transmitidos oralmente e na prática (o conceito de mestre-aprendiz), sem qualquer esquema ou diagrama escrito. E utilizavam ferramentas simples como machados, martelos, formões e facas para entalhar e esculpir.
Os nórdicos foram carpinteiros habilidosos. E os povos que viram uma flotilha de navios-dragão se aproximando da costa primeiro se admiraram com tamanha desenvoltura para vencer as ondas, depois fugiram apavorados ao ver os escandinavos desembarcando com suas espadas, machados e lanças em punho.
Curiosidade: neste site, você pode ver imagens e informações sobre o famoso Osebergskipet – https://web.archive.org/web/20070211143348/http://home.online.no/~joeolavl/viking/osebergskipet.htm
Os Deuses faziam parte do dia a dia dos nórdicos. O que chamamos de mitologia era a mais pura verdade para esses povos (e não é? ?).
Antes de navegar, rezavam para a deusa Rán e o seu marido, o jötunn Ægir, pedindo uma viagem tranquila e um mar calmo.
Durante a batalha bradavam por Tyr, o Deus do Combate e dos juramentos, aquele que perdeu a mão direita colocando-a na boca do lobo Fenrir. Posteriormente, passaram a invocar Odin.
Muitos levavam no peito um pingente do martelo de Thor, o Mjölnir, que sempre tocavam quando desejavam proteção ou mesmo para espantar os maus agouros.
E, para ter fertilidade – tanto a da terra, das plantações, quanto para a concepção de bebês –, recorriam a Freya, a Deusa mais importante do panteão nórdico.
A mitologia escandinava é riquíssima e não fica restrita às divindades. Há muitas criaturas fantásticas, como elfos, anões, trolls, lobos gigantes, dentre outros, que inspiraram obras famosas, tais como a trilogia O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien.
Recomendo a leitura do livro Mitologia Nórdica, de Neil Gaiman, que foi publicado por aqui pela Editora Intrínseca. Ele traz releituras muito interessantes de histórias de Thor, Loki, Odin e muitos outros Deuses até o fatídico Ragnarök.
Para saber mais: Um apanhado das principais deidades e criaturas da mitologia nórdica.
Essa não foi uma invenção dos nórdicos. As legiões romanas, por exemplo, batalhavam usando a tática da parede de escudos, muito eficiente contra os projéteis arremessados pelos inimigos e contra o avanço desordenado dos oponentes.
Contudo, ao contrário dos romanos, os nórdicos não se mantinham por muito tempo atrás de uma parede de escudos como estratégia defensiva/ofensiva. Os escudos redondos de madeira não eram muito resistentes e tampouco garantiam extrema proteção, mesmo quando os guerreiros se mantinham coesos, ombro a ombro.
A skjaldborg, como era conhecida a parede de escudos, era utilizada nas etapas iniciais da batalha, no primeiro impacto entre os exércitos ou para formar uma barreira eficiente em passagens estreitas como pontes ou corredores entre construções.
Após isso, os guerreiros lutavam em formação mais “solta”, valendo-se das suas habilidades em combate para sobreviver e, claro, do seu escudo – ou o que restara dele – para aparar os golpes dos inimigos.
Os nórdicos eram guerreiros ferozes, combatentes experimentados que se valeram dessa superioridade para garantir grandes territórios pela Europa, principalmente na Inglaterra. Lá enfrentaram, muitas vezes, exércitos formados por camponeses sem qualquer treinamento ou coesão.
Quer saber mais? Veja esse post sobre os vikings e a guerra.
Ir para o Salão dos Mortos de Odin. Esse era o desejo de qualquer guerreiro viking! Lutar com bravura e morrer empunhando a sua arma para ser levado pelas Valquírias até Asgard.
O destino mais cobiçado era garantir seu lugar à mesa onde seria servido um inimaginável banquete acompanhado com o melhor dos hidroméis, na presença de bravos guerreiros (e guerreiras), heróis e heroínas.
Mas o Valhala não era o único destino dos guerreiros mortos em combate. Fólkvangr, o Campo dos Exércitos, era o palácio da Deusa Freya, que recebia metade dos mortos em batalha. Destino tão maravilhoso quanto o daqueles que passariam o restante das suas “vidas” junto a Odin, até o derradeiro Ragnarök, quando todos se uniriam para ajudar os Deuses na batalha.
Aqueles que morriam de velhice ou doença iam para os domínios da Deusa Hel e, caso não tivessem sido covardes ou execráveis em vida, eram tratados com justiça.
Ainda havia muitos outros “destinos” aos quais os mortos poderiam ser enviados. Tem um resumo aqui.
Espero que você tenha curtido esse post!
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Chegou o momento de fazer acontecer! Você vai fazer parte dessa aventura épica. Vamos, juntos, matar o troll!
Por Eduardo Kasse