A divisão geográfica de um mundo de fantasia é tão importante quanto sua divisão política. Cada uma deve ser pensada de forma clara, baseando-se em conceitos culturais, raciais e até mesmo religiosos. Se, em nosso mundo, uma simples tonalidade de pele pode diferenciar uma etnia da outra, se o nome de uma entidade pode definir uma religião da outra, o que dizer de um mundo fantástico onde orelhas pontudas, capacidade mágica e poderes definem o conceito de raça?
Há uma pilha de rascunhos de O Baronato de Shoah que ocupam um armário inteiro aqui em casa. São folhas e folhas de anotações literárias, fichas de RPG, cadernos com versões antigas, divisões raciais, contos, noveletas e romances que nunca seriam publicados. Alguns deles, claro, eu uso de vez em quando, reformulo e transformo em algo mais ou menos palatável. De resto, tudo lixo.
Escritor é assim mesmo, nós pensamos que a grande ideia é um lixo e o lixo é a grande ideia. Deixamos nos levar por musas e inspiração, mergulhamos no trabalho repetitivo da revisão e nos consideramos as piores companhias do mundo em churrascos de família e festas infantis. Eu não sei quanto a vocês, mas o mundo inteiro me parece fonte de inspiração e laboratório de personagens.
Escritores são pessoas capazes de transformar ideias em conceitos.
Meu primeiro conceito sobre O Baronato de Shoah foram suas nações, após decidir que cada uma delas faria referência a um gênero retrofuturista em específico (exceto cyberpunk). Então haveria reinos sandalpunk, solarpunk, afrofuturismo (ou steamfunk), steampunk, fantapunk, dieselpunk, gaslight, clockpunk, e vários outros que não fugissem muito dos período antigo-medieval-vitoriano (no máximo o dieselpunk, mas mesmo ele teria suas mudanças). Com o passar dos tempos os reinos foram fundidos no Quinto Império, Latakia, Ulan Bator, Hisarlik, Eisland, Kuroanaya, Koshogatsu, e Oranyan (ou Kriemhild). Este foi um movimento pensado, por que eu queria que os leitores tivessem uma noção geográfica dos reinos antes de entenderem a sua política e suas divisões étnicas.
Agora que caminhamos para o terceiro livro da série, O Emissário do Leste, muita coisa mudou graças às maquinações humanas e traições. Reinos foram declarados inimigos, governadores derrubados, nações chamadas à guerra e um povo massacrado. Isto tinha de mudar o mapa da saga e ser uma alteração real que cada leitor pudesse sentir e acompanhar conforme a leitura progredisse.
Claro que, liberar os contos gratuitamente no Wattpad ajudou bastante, afinal aquelas histórias complementavam os romances, apresentando personagens e locais novos.
O novo mapa de Nordara visa corrigir algumas injustiças, aumentar o leque de possibilidades e, além disso, fazer parte da história do mundo, mostrando como ele evolui e se desenvolve junto com o leitor. Conforme avançar em sua leitura do livro 1 para o 2, lembre-se de verificar os nomes que vieram impressos nos livros e de como eles mudaram conforme você teve contato com estas culturas.
Historicamente falando, o que muda?
Tudo.
O Baronato de Shoah é o romance de formação do mundo, é ele quem vai dar os aspectos finais de como Nordara deverá ser daqui para frente. Como um ensaio, um livro básico de RPG ou uma introdução ao cenário.
Ah, eh por isso que eu vejo uns incongruências ou paradoxos nele e nos contos?
Exatamente.
Você está acompanhando, caro leitor, a formação de um cenário steampunk-fantástico desde o começo, por isso alguns ajustes se fazem necessários. O melhor, claro, é incorporar mudanças de conceitos ao próprio cenário. Por isso a revolução acontece nos livros, para que de uma ideia primordial o Baronato de Shoah termine com uma ideia final e que servia de base para criação de outros romances!
Fique, então, com o novo mapa de Nordara!
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