A pedido do meu lindo e cheiroso editor Raphael Fernandes, teci um texto de extensão média pra falar um pouco de como tem sido essa fase final da minha querida série Tools Challenge, que tem data marcada pra acabar na CCXP de 2018, em dezembro.
É difícil dizer quando Tools Challenge começou. Costumo usar o lançamento do Vol. 1 impresso – a edição independente – como data oficial, porque foi quando o projeto tomou corpo de verdade, chegou a mais lugares, alcançou respeito de muita gente… isso foi em 2013. Assim, a série dura seis anos, ficando com a média de um livro por ano, já que o último será o 6º.
Posso começar a contar também o momento que a série foi publicada online pela primeira vez, no blog/site que criei pra mesma. Nesse caso, começou em 2011 ou 2012.
Se eu voltar mais atrás, em quando fiz as primeiras páginas pra um concurso internacional de mangás (é, eu sou um tipo de concurseiro alternativo) começou em 2010. Mas acho que ainda dá pra ir mais longe. Deixa eu fazer uma força pra lembrar quando foi que eu tive a ideia de fazer garotos lutarem com ferramentas. Acho que foi em 2006, aos 15 anos, quando eu já trabalhava num depósito de ferramentas como estoquista.
E desde quando eu quero fazer histórias que possam ajudar as pessoas a se inspirarem, lutarem, se esforçarem por seus objetivos e pelas pessoas que amam, saírem do chão e realizarem coisas? Acho que isso vai se misturando com a minha origem e com tudo que aconteceu no meu núcleo familiar e no mundo até antes de eu nascer.
Mais ou menos lá pelos anos 2000, quando a Conrad lançou Dragon Ball e eu decidi que queria fazer quadrinhos pra valer – especificamente mangás, pelos quais mais me apaixonei – eu decidi que queria morar no Japão e fazer isso por lá, no maior mercado de quadrinhos do mundo. Meu objetivo final era publicar na Shonen Jump, a revista que detém até hoje o recorde de mais vendida do mundo. Casa de Dragon Ball, YuYu Hakusho, Slam Dunk e outras dezenas de obras maravilhosas.
Eu e Tsukasa Hojo autor de City Hunter
Uma década e meia depois, quando eu já não queria mais morar lá, ganhei na segunda colocação o maior concurso de mangá do mundo atualmente, o Silent Manga Audition, e fui convidado pra receber a premiação lá mesmo, na Tokyo Tower, que é um dos maiores pontos turísticos da capital. A partir daí, todos os anos sou convidado pra ir lá uma vez e participar de algum evento da editora.
Quem foi o cara que me chamou? Justamente o cara que foi editor-chefe dessa revista que citei anteriormente bem na época que bateu o recorde ainda imbatível no Guinness Book.
Um pouco antes de rolar tudo isso que comentei aí em cima, já tinha me inscrito pra participar de uma coletânea da Editora Draco, a Imaginários em Quadrinhos. Pouco depois conheci o Rapha, o Erick, e meu amigo Kaji Pato começou a publicar Quack por lá. Assim, fomos ficando mais próximos.
Depois que eles perceberam que eu era maluco da cabeça igual eles, resolveram apostar no meu material seriado. Se não fosse isso, talvez a gente estivesse conversando ainda sobre uma tentativa de lançamento do Vol. 4, via Catarse, incentivo cultural ou algo do tipo. Impossível descrever o quanto esse investimento me fez crescer como autor e deixou a série com a pista lisa onde eu só precisava acelerar e decolar em altar performance.
Takamori
Agora, enquanto escrevo esse texto, estou no processo de produção do 6º e último tomo da série. Acabo de voltar de uma viagem espetacular em que passei uma semana em Takamori, no interior do Japão, junto com autores de todas as partes do mundo. Lá, resolvi fazer um registro simbólico: desenhar a última página do Tools Challenge, mesmo que ainda existissem muitas outras pra desenhar.
Fiz isso pra demarcar o fim de um ciclo, pra orgulhar o moleque que queria viver no Japão muitos anos atrás, e pra agradecer Raion, Kao e Hitai por tudo que me proporcionaram durante todo esse tempo. Quando fiz a primeira página da série na cozinha da casa dos meus pais, eu não imaginava que isso seria possível.
Última Página de Tools Challenge
Quem lê TC sabe que essa é uma história sobre força de vontade, empenho em meio a situações adversas, altruísmo… bom, se eu falar demais já fica mais legendado do que eu gostaria que fosse.
A jornada vai chegando ao fim enquanto outra se aproxima. Afinal, sabemos que sempre tem um inimigo mais forte quando derrotamos o atual. O que posso garantir é que nessas duas últimas edições da série vocês vão ver o meu trabalho em seu melhor estado, e um fechamento que condensa tudo isso que transmiti nesse texto e muito mais, sempre deixando aquele grande espaço pra interpretação do leitor, que enriquece a obra de uma forma que eu não poderia fazer sozinho.
O que vem depois? Ainda não sei. O Japão parece cada vez menos longe. As portas se abrem ao mesmo tempo em que sei que preciso de um tempo de descanso e de aprender MUITA coisa sobre o meu trabalho e sobre o mundo. O que posso garantir é que estou fechado com a Draco pras empreitadas nacionais e que vou fazer o máximo pra minhas histórias reverberarem cada vez mais, trazendo ao menos um sorriso no rosto dos leitores que precisam desse estalo vindo de algum lugar.
Tá só começando.
Max Andrade
Outubro de 2018