A roteirista Larissa Palmieri nos contou quais foram as suas influências para escrever Condomínio Paradise, sua história na HQ Periferia Cyberpunk.
É fã de quadrinhos desde a infância. No entanto, em 2015, percebeu que ler e resenhar suas obras preferidas no seu blog pessoal não era mais suficiente. Após uma série de cursos de roteiro com grandes nomes do quadrinho nacional como Raphael Fernandes, Marcela Godoy e Daniel Esteves, publicou a sua primeira história em Março de 2017 pela Editora Draco, dentro da coletânea Space Opera em Quadrinhos.
Além destas obras já publicadas, a sua participação foi anunciada em outras coletâneas da Editora Draco. As publicações são Periferia Cyberpunk, coletânea de histórias cyberpunk que se passam nas periferias do Brasil, e Delirium Tremens de Edgar Allan Poe, que homenageia um dos mais importantes escritores de terror da História com contos inspirados em sua obra.
Esse filme francês de 2007, dirigido por Franck Vestiel, é uma verdadeira paulada para os desavisados. Visualmente brutal, ele foi uma das grandes influências na construção de Condomínio Paradise por duas razões. A primeira é a forma que o diretor conduz diversas cenas. Destaque total para a abertura no filme, em que o jogo de luz e sombra quase mata de agonia quem está assistindo. Queria demais transportar esse clima pra história em alguns momentos. O história do filme se passa em uma corporação altamente tecnológica e completamente degradante para a sociedade, o que com certeza me influenciou . Agradeço especialmente ao editor Raphael Fernandes pela dica (e por algumas outras que vou citar mais à frente).
As cidades e seus prédios infinitos são uma das maiores inspirações pra essa história. O que o Nihei Tsutomu faz nesse mangá é inacreditável e eu queria também trazer essa noção de profundidade gigantesca dentro de uma cidade pra ajudar a aumentar ainda mais o abismo social – quase literal – que existe nesse universo. Pra mim foi muito divertido escrever e dar corpo ao choque que a protagonista leva ao encarar esse mundo exterior. Tornar cenários urbanos extremamente perigosos e decadentes é sempre um exercício ótimo.
Esse subgênero do terror foi fundamental em alguns momentos dessa história e a sensação de ter a privacidade física invadida e subvertida, transformada em algo completamente diferente e dantesco, tem muito a ver com a jornada miserável de Condomínio Paradise. Há quem diga que o nosso corpo é o nosso templo sagrado, então subverter esse conceito também faz parte da desumanização e violação física que rola durante a história. Acho que muitas coisas me influenciaram aqui como Tetsuo – The Iron Man, Society, Freaked, Annihilation, entre outros.
Eu nem gosto tanto do desenvolvimento e do fim da história desse anime, mas a premissa e construção de universo são fantásticas e uma das grandes influências que tive para a criação do sistema social que permeia a trama de Condomínio Paradise. Um mundo perfeito, higiênico e privilegiado do nas últimas colônias humanas que restaram no mundo após o apocalipse. Pura desgraça e caos do lado de fora desses oásis urbanos. Consigo claramente ver São Paulo, cidade onde Condomínio Paradise acontece, vivendo nesses moldes. Combina demais com o espírito paulistano.
Se tem uma coisa que combina com o cyberpunk sujo e de raiz misturado ao horror é o metal industrial. Ouvi muito Godflesh enquanto escrevia essa história. Além de ser uma das minhas bandas favoritas, acho que a agressividade do som me inspirou a não pegar leve nas cenas mais chocantes. Recomendo demais o disco Streetcleaner e o EP Slavestate. Se você curtir eu indico também a trilha sonora de Tetsuo – The Iron Man, filme citado anteriormente, que é música industrial japonesa da melhor qualidade.
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