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Como escrevi “De Poder e de Sombras” – Coletânea Magos, por Ana Lúcia Merege

Tão logo a Draco propôs que eu organizasse uma coletânea com o tema “Magos”, e antes mesmo que partisse para reunir o time de autores, algo se definiu de forma bem clara para mim: meu conto seria ambientado em Athelgard. Afinal, foi com esse universo de fantasia épica, cheio de Magia, que comecei a publicar na editora, e os leitores de “O Castelo das Águias” e demais livros e novelas possivelmente iriam gostar de rever seus personagens favoritos. Mas em seguida surgiu a primeira dúvida: quais dentre eles deveriam protagonizar esse conto?

Minha ideia inicial, que mantive até o fim, foi não usar Vrindavahn e a Escola de Artes Mágicas como cenário. Queria aproveitar essa coletânea para mostrar outras localidades do universo Athelgard. Também decidi não trabalhar com os aprendizes que já protagonizam contos, como Lear, Padraig e Razek, e nem com Anna de Bryke, pois a Magia deveria estar no centro de tudo; queria que o ponto de vista fosse de um mago e não da mestra de sagas. Kieran seria uma escolha compreensível, mas já existem vários contos com ele, além dos próprios livros. Então, pensando que o melhor seria criar algo completamente diferente, eu me propus a escrever uma história protagonizada por Urien, o mestre de Música, na qual iria desvendar o misterioso passado ao qual ele se refere no meu conto detetivesco Um Estranho Equinócio. A história se passaria durante um festival da Escola Bárdica de Kalket, iria girar em torno da Magia que existe nas palavras e na música e teria um final bem melancólico.

E até hoje, cerca de dois anos depois, isso é tudo que existe sobre ela.

Os autores foram convidados, os textos foram chegando devagar, eu fui escrevendo outras coisas, e nada de me inspirar para o tal conto do Urien. Não tinha jeito, aquilo não fluía. Não conseguia pensar em outros personagens, em uma trama bacana. Com o tempo, fui me desprendendo da ideia e deixando outras aflorarem, inclusive a que acabou por dar o “pontapé inicial” desse trabalho: a imagem de um gato branco andando elegantemente à frente de um homem cego, que se deixaria guiar pelos olhos do animal. Com a ideia do familiar (em termos de tradição mágica), veio a do elo mental (em termos athelgardianos) criado entre esse gato e a pessoa a quem ele serve de guia; e, como esse tipo de Magia é usado pelo Mestre das Águias, Kieran voltou a aparecer como um possível personagem, embora eu ainda não quisesse fazer dele o meu protagonista.

E onde poderia estar Kieran? Não na Escola de Artes Mágicas, mas também não em Scyllix, fosse como Mestre das Águias ou aprendiz de Mael. O que eu tinha em mente pedia uma cidade grande, e Kieran viveu em uma durante alguns anos: Riverast, onde magos que passaram pelas primeiras Iniciações se aperfeiçoam em uma Escola de Magia e vivem em casas cedidas pelo Conselho Municipal. Mais ou menos como em Ouro Preto com suas “repúblicas”. Kieran poderia ser um recém-chegado, pouco ambientado com a cidade, ou, melhor ainda, eu poderia criar um personagem diferente, mais fácil de moldar e adequar à trama por ser inteiramente novo.

Desde que decidi seguir por esse caminho, as coisas fluíram muito bem. Fedros, o personagem que criei, é um calouro vindo do interior – um “bicho”, diriam em Ouro Preto – e tem muito a aprender com os mestres (inclusive o misterioso mestre dono do gato) e com veteranos. Tanto os durões e rabugentos como o Kieran quanto os gentis como Sithia, os sabe-tudo como os Mantos Azuis e os brincalhões como o pessoal da casa Sobrinhos de Loki (eu caprichei no nome das “repúblicas”, falem a verdade!). No conto eu pude trabalhar com a ideia da Magia da Alma e o sistema da Forma e Pensamento já conhecido dos leitores de Athelgard, e também introduzi o Reino Invisível, o lugar habitado pelos seres etéreos — fadas, duendes, espíritos –, que irá aparecer cada vez mais em futuros livros e contos. Pude também criar uma história com um ritmo e uma pegada que me satisfizeram e que acabou de um jeito legal, falando de coisas boas sem apelar para o pieguismo.

O mundo anda muito complicado, e os Senhores das Sombras estão em toda parte, disfarçados como gente de carne e osso. Vamos formar o nosso círculo e resistir.

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2 Comments

  1. Liége disse:

    Adoro Athelgard, estou doida para ler esse conto, Ana! 🙂

    • Ana Lúcia Merege disse:

      Obrigada! Espero que você goste dos novos personagens e da nova ambientação. Se houver boa resposta do público, podem rolar mais histórias em Riverast, com o jovem Kieran e… com o jovem Maeloc. 😉