Apesar de parecer o nome artístico de apenas um autor, Eudetenis é uma dupla formada pelo roteirista Paulo Serafim e pela desenhista Giovana Serafim. Eles são casados e estão no mercado de quadrinhos e ilustrações há 6 anos.
Eles produziram a HQ “Physics” para o primeiro volume da “Dracomics Shonen”, que busca encontrar novos talentos do mangá. Aproveitamos a deixa para bater um papo com Eudetenis, conhecer melhor sua trajetória e como foi o processo de criação de sua aventura western misturando artes marciais, poderes especiais e física.
Confira:
Paulo: Nossa trajetória já tem um bom tempo. Eu e a Gigi fazemos quadrinhos e ilustrações há mais de 6 anos profissionalmente para o mundo todo. Já fomos publicados em quadrinhos digitais nos EUA, Dinamarca e Japão. Participamos e fomos premiados no terceiro concurso do Silent Manga (3 brasileiros foram nessa época, entre nós o Ichirou e o Roberto F.), trabalhamos para a empresa Revolt dos Emirados Árabes com a serialização de “Beast of Burden”, temos duas séries pela Jambô junto com o Alexandre Soares (Lancaster) do material Brigada Ligeira Estelar (“Éden Zero” e “Esquadrão Trunfo”), disponíveis para leitura no Social Comics.
Além disso temos os nossos quadrinhos autorais que disponibilizamos de graça em nosso site e no Tapastic (“Chess Time”, “Aka no Kan” e “Maid Team”).
Também trabalhamos com ilustração, que fazemos exclusivamente nos fins de semana através do nosso livestream do Picarto.
Paulo: As referências de Physics, como roteiro, vêm de toda uma geração oitentista dos quadrinhos japoneses e também de uma certa referência dos anos 90. Quadrinhos como “Hokuto no Ken” e “Eatman” nos inspiraram bastante no tipo de background, aquela coisa meio Mad Max mas nem tanto, saca? Quanto a estrutura de história eu, Paulo, gosto dos modelos dos anos 70 e da forma Tezuka de trabalhar as histórias, na qual desenvolvemos a história com um ritmo fácil de um leitor acompanhar. Na forma narrativa, seguimos as referências oitentistas, usadas em Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball, aquela coisa de cada quadro guiar para o próximo e de usar quadros grandes ou páginas inteiras para cenas de destaque.
Paulo: A concepção de “Physics” é algo que já data de mais de 2 anos, porém a produção é bem rápida. Tenho costume de pegar ideias e “ruminar” na minha mente por vários anos (sorte que tenho mais de 100 ideias na cachola). Na hora de escrever, eu simplesmente sento e escrevo cada uma delas seguindo o esquema básico de modelos narrativos para contar histórias. Obviamente, eu estudei técnicas de dramatização, clímax e antí-climax, gradação e todas as demais técnicas de roteiro existentes, mas deixo que as palavras venham para depois decidir onde colocar cada coisa, não sou o tipo que demora dias em um roteiro, ou termino em minutos/horas ou não o faço pois sou um quadrinista de mercado e para nós tempo é dinheiro.
Giovana: No meu caso, pego o storyboard já definido e daí passo a limpo pra folhas de tamanho A3, então digitalizo e envio o lápis limpo para os meus assistentes Jackson e Alexandre, que fazem a arte-final básica. Depois, aprofundo a arte-final e coloco as retículas, balões e quadros. Ao terminar, envio para o Paulo colocar os textos e damos uma revisada final. O processo todo costuma demorar 2 semanas para cada 10 páginas, culpa da minha falta de tempo com outros projetos, visto que faço mais 3 quadrinhos durante a semana.
Paulo: Existem vários segredos dentro da história, inclusive dentro do one-shot que publicamos. “Physics” tem uma questão social atrelada que, obviamente, não ficaria evidente dentro de um só capítulo. Mas na one-shot é possível vermos que existem famílias tradicionais e párias, fora a forma como a ciência está relacionada diretamente com a história. Mas acho que as perguntas-chave após ler o capítulo seriam: Afinal, quem é Nicolas? Ele mesmo disse que não tem memórias e que o dono do bar já o encontrou assim. Acredito que leitores mais atentos conseguiram sacar que Nicolas está sempre dançando, será que tem algum motivo em especial? E quem será a pessoa no segundo cartaz que a Chiharu estava buscando?
Paulo: Vamos lá, japonês indico qualquer coisa do Yoshihiro Togashi, o cara é um monstro. Também gosto muito de Hokuto no Ken e Souten no Ken do mestre Tetsuo Hara. Considero Cavaleiros do Zodíaco a obra de melhor didática narrativa para um quadrinista, desenhe ele o que for. Em trabalhos brasileiros, gosto de ver o Ta no Sekai do João Eddie, gosto de Ra-tim-boo do nosso discípulo Heitor Amatsu (o garoto vai longe), adoro Ledd do nosso parça Lobo Borges e do Trevisan, com certeza adorei o Holy Avenger da linda da Érica Awano e do Marcelo Cassaro, e estou esperando os novos capítulos de Quack do Kaji Pato para poder completar a coleção.
Obviamente, também gostamos dos nossos próprios quadrinhos, pois somos narcisistas que só a porra, por isso leiam tudo que fizermos.
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E aí, o que acharam de conhecer um pouco sobre a produção de uma HQ? Essa foi a primeira entrevista, mas pode esperar que vamos abranger cada quadrinho publicado por nós. Acompanhem nosso blog e página no Facebook, pois em breve vamos anunciar as histórias escolhidas para o segundo volume de Dracomics Shonen. (Sem falar nas séries derivadas de alguns dos melhores mangás do primeiro livro).