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Escrevendo O Grande Livro do Fogo, por Ana Lúcia Merege

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Meu fascínio pelo Oriente não começou ontem. Sempre gostei de saber que tinha antepassados vindos do Líbano e do Algarve; fiz minha monografia de fim de curso sobre a influência do Islã na literatura ibérica, e desde então tenho estudado e publicado mais alguns artigos de divulgação por aí. O início dessa atração, porém, foi muito anterior: foi do tempo em que, criança, eu devorava recontos de histórias orientais, como as de Simbad e Aladim, e os livros de Júlio César de Mello e Souza, mais conhecido pelo pseudônimo de Malba Tahan.

Quando o Eduardo e eu começamos a bolar a “Medieval”, não precisei pensar muito para decidir que escreveria sobre a Ibéria muçulmana. Também me veio muito rápido a ideia de fazer desse conto uma espécie de tributo a Malba Tahan, inclusive no que se referisse ao estilo de escrita. Alguns dizem que ela é datada, e eu tenho que concordar que dificilmente o autor agradaria às crianças de hoje. No entanto, ao que percebo, ele tentava emular o tipo de narrativa que se encontra em clássicos como “Calila e Dimna” (uma coleção de contos orientais, mandada traduzir pelo rei Afonso X de Castela no século XIII) e “As Mil e uma Noites” (conhecidas no Ocidente a partir da tradução de 1704, pelo francês Antoine Galland). Por isso resolvi arriscar, usando inclusive o “vós” e as mesóclises, sem falar nas hipérboles, nos adjetivos, nas invocações e nas exclamações. Se vai dar certo ou não… Bom, o futuro dirá.

Por falar em futuro, esse é, pode-se dizer, o tema central da história. Ou talvez não seja o futuro, mas o destino, que, segundo um dos meus contos favoritos de Malba Tahan, se inscreve num livro mágico, dificílimo de encontrar. Pois outra coisa que eu logo decidi foi fazer uma espécie de releitura do conto “O Livro do Destino”, aqui chamado de “O Grande Livro do Fogo”, pondo à sua procura meus personagens que, no início, deveriam ser um muçulmano, um cristão e um judeu. Logo nos primeiros rascunhos desisti dessa ideia em favor de um casal muçulmano, mais tarde convertido numa dupla de pai e filha e acrescido de um estudioso que representa os muitos eruditos cordobeses. Por meio dele não faltaram menções a personagens e fatos da época, nem, é claro, à grande biblioteca que funcionou vários anos sob a supervisão de uma mulher notável, Lubna de Córdoba.

Além desse enquadramento histórico, eu decidi usar os elementos mais emblemáticos das histórias de sabor islâmico, tais como os gênios e os tapetes voadores. Também temos doces muito doces, turbantes, babuchas e um pai cujo maior anseio é ver sua filha bem casada. Só faltaram os camelos (mas acho que mesmo assim eles são citados em algum lugar). E, em meio ao clima de “Sessão da Tarde” que eu tentei dar à segunda parte do conto, há espaço para um pouco de humor e também um tiquinho de melodrama.

A ilustração que acompanha este post foi feita a meu pedido pelo escritor, professor e artista plástico Vilson Gonçalves.  Nela se podem ver nossos três heróis partindo rumo à aventura, acompanhados por ninguém menos que… uma águia dourada. Não fui eu que pedi para ela estar ali. Talvez tenha fugido de algum outro livro, onde tem uma contadora de histórias que não é a Sherazade… 😉

Enfim, espero que os leitores de “Medieval” curtam bastante a viagem nesse tapete mágico. E pensem bem no que desejam para o futuro. Quem sabe um dia surge a oportunidade de acrescentar palavras às páginas do Grande Livro do Fogo?

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