Diego Guerra é formado em Produção Editorial pela Anhembi Morumbi e em roteiro pela Academia Internacional de Cinema. Trabalha como designer e é fã de literatura fantástica e romances históricos. Passou os últimos quinze anos escondendo suas obras nas gavetas, mas resolveu que já estava pronto para contar suas aventuras. Autor da série online Chamas do Império, que foi selecionada para o catálogo da Editora Draco.
Eu devia mesmo colocar aqui Tolkien e o Senhor dos Anéis, mas como era de se esperar que ele aparecesse em uma lista de um autor de fantasia, resolvi pular o óbvio para falar de Marion Zimmer Bradley.
As brumas de Avalon se tornaram um marco para mim, por desconstruir tudo o que eu sabia sobre o Rei Arthur depois de ler O Único e Eterno Rei de T.H. White – O leitor mais atento percebeu que eu acabei de trapacear e colocar mais um livro na minha lista – Quem aquelazinha pensava que era para escrever meus personagens favoritos daquela forma? E para piorar, colocando as mulheres no foco principal da história. Meu ódio adolescente não deve ter durado mais do que duas páginas, depois eu estava ocupado demais acompanhando a luta de Morgana para preservar a religião antiga, contra a invasão dos monges cristãos.
Como eu odiei Guinevere! Como torci por Merlin (sim, por todos eles). As Brumas de Avalon foi uma lição de humildade que eu vou levar por toda a minha vida. Jamais menosprezar uma história. Mesmo aquela que você acha que já conhece. Zimmer aparece no Chamas do Império através de alguns rituais pagãos que foram absorvidos pelos meus dhäeni, através de personagens femininos mais interessados na ação e, é claro, nas Brumas. A capital do Império, Andernofh, fica no Vale na Névoa, ao exemplo da antiga Avalon. Mas enquanto Avalon é uma ilha, Andernofh se perde em labirintos, de dentro para fora.
Se você não leu Musashi, pare tudo o que você está fazendo agora e abra o livro. Se você não tem Musashi na sua biblioteca, corte uma falange do seu mindinho e peça perdão aos seus ancestrais. Musashi foi uma novela escrita pelo grandioso Eji Yoshikawa para ser publicada no jornal diário do Japão. Eu simplesmente não entendo como ninguém acabou sequestrando Yoshikawa para obrigá-lo a contar o fim da história.
Yoshikawa é para mim o maior mestre do cliffhanger, que é quando a cena termina no momento mais tenso da história e você fica doido para saber o que vêm depois. A história gira em torno de Miyamoto Musashi, um espadachim sem mestre, que vaga pelo Japão para aprender o manejo da espada, mas ao invés de pedir por aulas aos grandes Mestres, ele aprende da única forma que sabe: duelando. Paralelo a isso tem uma história romântica entre Musashi e o amor da sua juventude, que lutam para se reencontrar. Musashi existiu de verdade e é uma figura histórica importante no Japão, escrevendo inclusive um livro de sabedorias chamado O livro dos Cinco Anéis, sobre como ele encontrou a iluminação através do caminho da espada. Além de me ensinar o cliffhanger, Yoshikawa me ensinou que as vezes as histórias mais inverossímeis também são reais.
Levei meses até tomar coragem de ler As Crônicas de Artur. Como alguém tinha coragem de desafiar os territórios dominados por Marion Zimmer Bradley? (Sim, eu já tinha dito isso, mas as vezes eu sou meio lento para aprender as coisas) Achava simplesmente impossível alguém ter algo a acrescentar às Brumas de Avalon e por todos os deuses, como eu estava enganado. Bernard Cornwell tinha conseguido juntar o histórico e o mítico, o real e o fantástico, a verdade e a mentira de tal forma que era simplesmente impossível pensar que a verdadeira história de Arthur não tivesse acontecido daquele jeito.
Ele virou de pernas para o ar, todos os personagens que nós conhecemos, heróis viram vilões, valentes viram covardes, traidores viram fiéis e você se envolve em cada batalha de tal forma que termina o livro fazendo ataduras para seus ferimentos de guerra. Sempre falo sobre Bernard Cornwell como a minha grande inspiração de todos os tempos e foi aqui, com Arthur, que eu me dei conta de quem eu queria ser depois que eu crescesse. Cornwell se tornou o nome de uma família nobre em Karis.
Ele me ensinou a valorizar as cenas de batalha, a ferir e sacrificar personagens e principalmente, que bem e mal não existem exceto nos discursos de guerra. O destino é inexorável! Mas minha lição ainda não tinha terminado.
Elric de Melniboné é o último Imperador de um Império de Dez Mil anos. Um feiticeiro albino e de saúde fraca, que depende de sua espada para sugar a vida de seus inimigos e manter-se vivo. Os melniboneses são muito parecidos com elfos (Elric vem de AElfric que significa senhor dos elfos), mas ao contrário dos elfos heroicos de Tolkien, os melniboneses são mesquinhos e cruéis.
Elric é, de todas as formas que podemos pensa-lo um vilão, cheio de traições, maldades e pactos demoníacos, mas isso não nos impede de nos apaixonar por ele e torcer pelo seu sucesso, no Mundo de Elric não existe espaço para moral, ou para bondade. Depois de tudo isso, acho que não preciso explicar porque Moorcock se tornou um dos meus autores de cabeceira, certo? Embora A Espada Diabólica tenha sido lançado primeiro, ele é de fato o último livro da Saga de Elric. Foi de Moorcock que eu roubei a idéia de um Império que atravessasse os milênios e de reis feiticeiros que dominassem seu povo. Melniboné poderia ter sido Andarian, o reino antigo, ou Tallemar, o reino de além mar, ambos completamente erradicados do mundo.
Se você se lembra do Conan de Arnold Schwarzenegger, sinto muito. Você ainda não viu o verdadeiro Conan. A obra máxima de Howard é muito mais do que uma pilha de músculos com uma espada para arrebentar crânios.
Conan é acima de tudo, sagaz. Ele tem um jeito malandro de lidar com o mundo e usa a violência de forma criativa para se livrar dos problemas em que se mete. O mundo de Conan é uma colagem de diversas civilizações humanas e tem um ar antigo e venenoso como as presas de Seth, sem deixar de ser absolutamente crível. Howard era um contemporâneo de Lovecraft, que bebia no mito das civilizações ancestrais e dos monstros da escuridão prontos a arrastar todos para a loucura. Howard escrevia contos para revistas pulp e Conan não tem nenhum romance. Sua história é fragmentada e cheia de buracos. Em um momento ele é um ladrão de rua, outra ele é um velho rei. Em algumas ele é um corsário no mar e em outras é um saqueador de tumbas. E a gente tem apenas uma ideia de como ele chegou àquela posição.
A estrutura do Chamas do Império tem um pouco dessa fragmentação, com arcos que se fecham em cada livro dando espaço para novas histórias no próximo.
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