[TOP 5] Alexey Dodsworth
fevereiro 15, 2016
O que é Dark Fantasy?
fevereiro 17, 2016

Alexey Dodsworth fala sobre o seu livro O Esplendor

alexeyAlexey Dodsworth – @AlexeyDodsworth – é mestre em filosofia. Atualmente, cursa doutorado em filosofia na USP, tendo como foco de estudo o transumanismo e as implicações éticas da exploração espacial. Já atuou como consultor da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura e foi assessor especial no Ministério da Educação em 2015. Dedica-se em paralelo à ficção científica e a palestras de divulgação científica e filosófica, especialmente sobre astronomia.
alexeydodsworth.com

Draco: O Esplendor é narrado em primeira pessoa, por uma mulher lésbica. Além disso, os personagens são todos negros. Recentemente, um grupo de escritores brasileiros fez publicar o Manifesto Irradiativo, que clama por maior representatividade de minorias na literatura fantástica. Você quis atender o clamor?

Alexey Dodsworth: Quando o Manifesto Irradiativo foi publicado, “O Esplendor” já estava escrito e sendo analisado pela Editora Draco. Foi uma feliz coincidência, afinal eu concordo com o teor geral do manifesto. Sem muito esforço, é possível verificar que há um apagamento de personagens femininas e de pessoas negras na literatura fantástica. Eu quis fugir do tradicional personagem principal “homem branco heterossexual”. Porque, veja bem, todos os nossos atos são atos políticos. Quem cria um mundo não o faz apenas por entretenimento, seria ingenuidade dizer que escrevemos apenas por diversão. A pessoa que escreve está passando um recado, mesmo que isso não seja muito consciente. No meu caso, foi bem consciente, bem proposital.

Draco: E que recado você quis passar?

AD: Que os mundos fantásticos pertencem a todos. Que a diversidade existe, e não deveria ser apagada na ficção. Eu quero um mundo com mais heroínas, um mundo com mais diversidade de relações. Por outro lado, é preciso tomar cuidado para que sua ficção não se converta em uma espécie de chatíssima arte panfletária. Na prática, a coisa é bastante simples: eu acho que mulheres e negros são sub-representados, e acho que isso não deriva só da pobreza da imaginação, mas de atitudes hegemônicas mesmo. Veja os rios de chorume que brotaram quando foi anunciado o cartaz do último episódio de Star Wars com uma mulher e um negro. Uma bobagem sem tamanho. Eu sempre me pergunto: a quem serve este apagamento? Que tipo de status quo se deseja preservar, com este ocultamento de identidades? Eu venho de Salvador e, antes dos anos 1980, a publicidade das lojas locais só mostrava pessoas brancas. Eu era criança, e achava isso esquisito. Sei que tem gente que acha essa preocupação minha uma bobagem. Gente assim não chia se o personagem principal for verde e com antenas, mas se incomoda se for uma mulher preta.

Draco: Você veio de Salvador. Deriva daí o seu desejo de criar um mundo chamado Aphriké, iluminado por sóis com nomes de orixás?

AD: Sim. Essa mitologia faz parte de minha história de vida, embora eu não seja praticante de nenhuma religião de matriz africana. Note que incorporar a cultura africana à literatura fantástica não é nenhuma inovação de minha parte,. O “afrofuturismo” existe desde a década de 60 do século passado e teve no norte-americano Mark Dery um de seus grandes defensores. No Brasil temos o escritor PJ Pereira, com sua trilogia “Deuses de Dois Mundos” e meu colega de editora, o J. M. Beraldo, com seu “Império de Diamante”. Fico contente em ver gente empolgada em valorizar os aspectos culturais de nosso país em seus mundos ficcionais.

Draco: Em 2015, você venceu o Prêmio Argos de literatura fantástica com o livro “Dezoito de Escorpião”. Pretende repetir o feito, com “O Esplendor”? Até que ponto vencer o Argos foi importante?

AD: “O Esplendor” é até um livro mais fácil de assimilar do que “Dezoito de Escorpião”, que tem passagens com muita “ciência dura”. Acho que “O Esplendor” será mais lido, é menos cansativo (embora seja um livro maior).

Se eu ganhar o Argos novamente, claro que vou ficar feliz, mas é cedo pra dizer. O ano mal começou, e muitos outros livros serão lançados ao longo de 2016. A Draco vem colecionado uma grande quantidade de prêmios Argos, afinal é uma das poucas editoras que aposta em escritores brasileiros.

Eu acho o prêmio importante, pelo seguinte: no Brasil, há um preconceito inacreditável contra obras de ficção científica e literatura fantástica. Os prêmios existentes praticamente ignoram este gênero, varrem-no para debaixo do tapete. Assim, a existência de um prêmio que contemple a literatura fantástica é muito bem vindo, e o Clube de Leitores de Ficção Científica faz um grande esforço para viabilizá-lo.

Draco: Alguma dica para os que desejam escrever ficção?

AD: Sim. Leiam muito. Intercalem entre os clássicos e os lançamentos recentes. Não existe bom escritor que não seja também um bom leitor. Hoje em dia muita gente quer escrever uma obra-prima, sem ter lido as obras-primas que o mundo já produziu. Não façam isso. Eu mesmo nunca tive ambições imensas na literatura. Escrevo porque sinto necessidade, porque me faz bem, porque me diverte. Aonde irei com isso, o tempo dirá. É um clichê dizer isso, mas muitos clichês são reais: o mais importante é a jornada, não aonde você vai chegar.

Gostou das referências? Você pode adquirir o livro “O Esplendor” nos links abaixo.

oesplendor-capa-72

Clique nos botões abaixo para adquirir. 20% de desconto e frete incluso para todo o Brasil. De R$ 59,90 por R$ 47,90. Aproveite! Envios imediatos.

Paypal | PagSeguro

Adquira em nossos parceiros

Amazon

Já disponível em e-book, baixe e comece ler agora mesmo

Amazon | Kobo | Cultura | Apple | Saraiva | Google

1 Comment

  1. José Alves Jr. disse:

    Um dos piores livros que já li… Ou melhor, que abandonei a leitura.