Existe uma época do ano em que os deuses voltam a Izumo, o santuário da mais alta colina em Amaterasu. Na trilha para o templo, os moradores da cidade seguram bonboris, lanternas feitas de seda, arame e bambu, para impedir que os deuses se percam no caminho. Cada bonbori possui um talismã de desejo. Se escrever seu pedido e amarrar na luminária, um deus irá usá-lo para iluminar o caminho e na volta concederá seu desejo. Escreva meu pedido em um bonbori, Toshio de Uzame. Eu o perdoarei.
Vou confessar que escrever esse conto foi, acima de tudo, uma aventura muito assustadora. A ideia inicial estava ali, e eu não sabia exatamente o que fazer com ela. Eu visualizava minha protagonista, uma kyudoka obstinada filha de um senhor autoritário. Obstinada por quê? Um senhor de que lugar? Não fazia ideia. Não sabia nada sobre ela, e foi essa estranha mistura de fascínio e medo que me levou a escrever.
Eu faço parte do grupo de escritores que planeja bem as coisas antes de iniciar uma história, mesmo sabendo que tudo vai mudar depois. E de repente eu tinha um conto que queria se escrever sozinho. Esse senhor autoritário logo virou o senhor de um dojo de kendo, vassalo de Tokugawa Ieyasu. A kyudoka ganhou um irmão tão bom quanto ela em seu estilo de luta, e que mesmo assim era endeusado pelo pai e ela amaldiçoada. Surgiu o personagem central da história, um ronin que roubava as plantações de cereais dos grandes senhores e distribuía entre os sobreviventes das antigas terras onde seu pai, assassinado por uma horda de demônios, antigamente governava como um daimyo.
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Tudo que eu sabia sobre samurais se limitava a Gintama e Samurai X, e minha referência de Japão feudal era o anime Inuyasha. Então eu tive que estudar bastante antes de desenvolver o bruto da história. Foquei nos estilos de kenjutso para o desenvolvimento dos samurais, e tive o cuidado de associar a técnica de kendo a personalidade de cada personagem.
Eu já tinha a pesquisa necessária para continuar minha ideia, mas senti falta de um conflito central. Lembrei-me de um festival que ocorre no Japão, o festival das lanternas ou bonbori no matsuri. As lanternas possuem um papel colorido que funciona como um talismã e realiza desejos, segundo diz o costume. Agora minha kyudoka era obstinada por um motivo: uma lanterna de papel para que pudesse realizar seu desejo.
Conforme minhas perguntas eram respondidas, outras surgiam, e eu não cansava de me surpreender com as respostas. Escrever “As lanternas de Amaterasu” foi uma das minhas melhores experiências por que era diferente de tudo que já tinha escrito até então.
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