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Monstros Gigantes – Kaiju: Como escrevi “Rotina”

Sendo bem sincero, não estou com muita vontade de revelar qual foi a real inspiração do meu conto “Rotina”. Queria poder dizer que tudo nasceu de uma angústia interna que assolava a minha alma e que, às lágrimas, escrevi uma obra literária onde revelo meu verdadeiro eu para o mundo e assim encontrei uma paz interior que me fez enxergar a vida de outra maneira e agora não como mais milho.

Mas a verdade é que foram cupins. 🙂

Tudo nasceu da seguinte ideia: para os cupins, o tamanduá é um monstro gigante, uma força incontrolável da natureza que aparece de tempos em tempos e destrói sua civilização. O cupinzeiro.

Por muito tempo eu fiquei lapidando essa ideia, tentando criar uma história do ponto de vista de um cupim, e me esforçando para que o conto parecesse uma “história normal de humanos” e que somente alguns poucos iam pegar a referência invertebrada.

Acho que nem preciso dizer que estava ficando uma porcaria. Sério, essas primeiras versões, que ainda tenho no meu computador, são muito, muito chatas. Eu estava ficando entediado enquanto escrevia. Fui reler uma delas hoje e acordei duas horas depois.

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Só que no meio dessa pilha de literatura ruim, outra ideia surgiu na minha cabeça, baseada numa entrevista de um daqueles caçadores de furacões americano, onde ele falava de como furacões eram algo que ele entendia e gostava, mas achava terremotos uma coisa absolutamente apavorante e que por isso detestava viajar para a Califórnia: e se os habitantes desse universo onde existe um monstro gigante simplesmente se acostumaram e vivem seu dia a dia como se ele fosse parte? Que nem os californianos com os terremotos e os caçadores de furacões com, bem, furacões?

Partindo dessa ideia indiscutivelmente superior à outra, recomecei o conto, aproveitando algumas partes aqui e ali das versões anteriores e com a ajuda de cento e dezessete xícaras de café sem açúcar, meu grande combustível criativo, consegui contar uma história minimamente aceitável.

Em seguida veio a parte mais importante do processo todo, que foi pedir para algumas pessoas lerem e criticarem à vontade. Depois de três amizades perdidas, um familiar que não olha mais na minha cara e uma rusga profunda no meu casamento, melhorei bastante o conto e o enviei para a Draco. Para a minha grande felicidade e surpresa, ele foi escolhido para a coletânea. Fez todas as amizades que perdi terem valido a pena.

Acho que isso é tudo que tenho para revelar sobre o processo criativo da criação de “Rotina”. Espero que curtam. Tanto na vida real quanto no Facebook. Que vai ajudar bastante na divulgação. Por favor. E obrigado.

Blog: http://euestoucerto.blogspot.com.br

0 Comments

  1. Susie Derkins disse:

    Sensacional a comparação….ri alto com esse post

  2. Ana Lúcia Merege disse:

    Eu curti, foi um dos contos que achei mais legais. Ah, fui eu que revisei o livro, e achei que você escreve muito bem!

  3. M. Paulo disse:

    Parabéns MESMO, continue na labuta, quero ler mais coisas suas!