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Karen Alvares fala sobre seu novo romance “Inverso”

karen-alvaresKaren Alvares – @karen_alvares – conta histórias para o papel há tanto tempo que nem lembra quando começou. Autora do romance Alameda dos Pesadelos (2014) e organizadora de Piratas (2015) foi também publicada em revistas e antologias de contos, como Dragões (2012) e Meu Amor é um Sobrevivente (2013), e premiada em concursos literários nacionais. Também publicou na coleção Contos do Dragão: O que poderíamos ter sido, A bicicleta fantasma, Ninguém, O último dia de outubro, Space Opera – Um Novo Começo, em parceria com Melissa de Sá, e o elogiado e tocante A Dama das Ameixas. Apaixonada por mundos fantásticos, histórias de terror, chocolate e gatinhos, vive em Santos/SP com o marido e cria histórias enquanto pedala sua bicicleta pela cidade.

Vamos ao papo?

Draco: E se do outro lado do espelho estivesse a vida que você sempre desejou? Pela chamada da obra logo se percebe que a trama se desenvolve em cima de temas como: o inverso, o contrário, o avesso. Mas por que espelhos? Por que eles são tão importantes na história?

Há esse espelho no meu quarto – ele é enorme! Olho para ele todos os dias, e toda vez que faço isso o quarto parece maior, como se houvesse uma continuação além do espelho, só que ao contrário. Um dia olhei para meu reflexo e pensei: “Quem é você? Quem é essa pessoa do outro lado? Você é como eu… mas pelo avesso?”. Foi então que me veio à mente a imagem de Megan: suas roupas largadas, seu cabelo roxo, seus olhos tristes, e o reflexo dela no espelho: uma garota perfeita, do jeito que ela deveria ser se seu mundo não tivesse virado do avesso com a morte da mãe. Os espelhos simbolizam tudo o que há de inverso: e se você pudesse viver uma vida ao contrário da sua?

Draco: Inverso é seu segundo romance publicado. Enquanto Alameda dos Pesadelos – seu primeiro romance – é um livro adulto, Inverso é uma obra jovem. Ao mesmo tempo, ambas as obras têm um mote sobrenatural. Como foi escrever personagens mais novos e, ainda, qual a maior diferença entre escrever Alameda dos Pesadelos e Inverso?

Não importa se estamos falando sobre personagens mais jovens ou mais velhos: todos são humanos. A literatura fala, sempre, da humanidade, da vida das pessoas. Então, para mim, escrever personagens mais novos foi como escrever personagens mais velhos; quando escrevo, me coloco no lugar daquele personagem: como me sentiria naquela situação? Talvez a única diferença tenha sido essa: o que eu faria nessa circunstância nos meus 15, 25, 35 anos? E, claro, você pensa um pouco mais na linguagem, nos diálogos, se estão coerentes com a idade.

A maior diferença entre escrever Alameda dos Pesadelos e Inverso foi a minha própria vida. De certa maneira, a Karen Alvares que escreveu o primeiro livro é uma pessoa completamente diferente da Karen Alvares que escreveu o segundo. E não foi apenas a maturidade da escrita que, espero, tenha evoluído, mas sim os sentimentos, a forma de enxergar a vida. Eventos muito fortes ocorreram entre esses dois livros – alguns maravilhosos, outros terríveis – e isso refletiu diretamente no texto.

Draco: Em Inverso, há duas facetas de uma mesma personagem: Megan, a garota deste lado do espelho, e Megami, a garota do outro lado. Se a Karen Alvares pudesse se olhar no espelho, como seria a garota que a encararia do outro lado?

Depende, você está falando da Karen de 15, 25 ou 35 anos (e ainda nem cheguei nessa última idade aí, viu?! rs).

A garota de 15 anos enxergaria uma garota popular do outro lado, bonita, perfeita – em todos os sentidos que a gente acha que alguém pode ser perfeito quando se é adolescente. Ela seria mais segura e acreditaria em si mesma. Teria um namorado e todo mundo daria risada das suas piadas, e nenhuma delas seria nerd. Leria menos livros e sairia mais de casa, não escreveria fanfics de Harry Potter escondida na internet, e os professores não gostariam muito da sua atitude.

A jovem de 25 anos encararia outra não muito diferente em aparência, mas sua vida seria, em certos aspectos, o completo inverso. Sua mãe estaria ao seu lado, para começar, acompanhando cada passo de sua carreira literária, e poderia ler todos os seus livros antes de serem lançados. E, claro, ela também viveria de literatura.

A de 35 anos eu não sei. Ainda faltam alguns (vários) anos para chegar lá (ou nem tantos assim, do jeito que o tempo passa). O que eu quero – e espero – é encarar uma mulher que seja quase igual a mim: apenas um reflexo e nada mais.

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inverso-karen-alvares

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1 Comment

  1. Ana Lúcia Merege disse:

    Um livro muito bacana que, sem dúvida, reflete seu amadurecimento como escritora. Tenho certeza de que os leitores vão adorar!