A autora Fabiana Madruga teve uma ideia muito interessante para apresentar os personagens de Clube dos Herdeiros: como nossos pais – colocar cada um deles falando sobre o outro.
Vamos ver no que vai dar!
Eu não me lembro da primeira vez que vi o Guilherme. Ele já frequentava minha casa quando eu nasci. Vinha brincar aqui com a Manuela. Nas festinhas e reuniões, estava sempre com ela, Henrique e, claro, com a Helena. Mas me lembro de sempre ter sido apaixonada por ele. É ridículo dizer isso, né? Como você sabe que é apaixonada por alguém aos, sei lá, três anos de idade? Você simplesmente sabe, como em qualquer outra idade. Ou você acha que a gente cresce também no aspecto afetivo? Eu já perdi essa esperança…
O porquê dessa paixão toda é bem óbvio, né? O Guilherme é o cara mais incrível que eu já conheci. Não por ser simplesmente o homem mais lindo que eu já vi pessoalmente. Já viu a reação das pessoas quando ele passa? Chega a ser patético! Mas não se resume àqueles olhos azuis gigantescos ou ao cabelo escuro liso e pesado que insiste em cair sobre eles. Nem no corpo perfeito ou naquele sorriso capaz de derreter o ártico antes do tempo. Existem muito mais coisas a respeito de Guilherme Lunardeli do que as pessoas podem ver.
Ele não é esse cara extremamente vaidoso que você ver passar com o Jaguar a mil por hora na Vieira Souto. Nem era o capitão marrento do time de futebol do colégio. Isso tudo sempre foi fachada. Todas essas coisas escondem um menino frágil, desprotegido e que sempre precisou da atenção dos outros pelos fogos de artifício que lançava porque nunca se julgou merecedor de atenção alguma por quem ele realmente era. Será porque sua mãe estava mais interessada em expor um herdeiro Lunardeli à sociedade do que em criar um filho? Será porque seu pai lhe deu todas as coisas passíveis de consumo porque não podia dar a única coisa que ele precisava de verdade: carinho? Não parece muito difícil traçar essa linha – invisível, mas pra lá de evidente.
Pra piorar as coisas, Guilherme se apaixonou pela garota perfeita. Não perfeita pra ele, perfeita porque parecia não ter defeitos mesmo. Pra ser sincera, eu nunca tive pessoalmente nada contra a Helena fora o fato dela ser insuportável com aquele jeito de quem sabe tudo e anda com o regulamento do mundo debaixo do braço. Tá, isso pode ser caracterizado como ter algo contra, mas eu quero que ela se dane (isso também, tá bom!)! O que me matou foi ela ter aceitado namorar o Guilherme naquele fatídico dia. Quando eu soube, foi como se tivessem girado um punhal bem afiado dentro de mim até que eu simplesmente ficasse imune à dor. Eu tinha doze anos e todo mundo sabia que eu era apaixonada por ele. Incluindo ele! Nunca tive vergonha de dizer. Lembro que estava sentada na escada do pátio quando duas das minhas amigas mais próximas vieram correndo me dizer. “Você sabe que o Guilherme está namorando a Helena?” . Apertei a caixinha de suco nas mãos com tanta força que imaginei que em segundos, todo o nosso grupo teria essência de manga. Ok, ele era apaixonado por ela desde sempre, mas ela sempre ignorou isso! Por que de uma hora pra outra a pessoa decide aceitar? Como mudar de ideia tão subitamente a respeito da mesma pessoa? Será que ela finalmente tinha visto o que eu sempre vi nele?
O suco não chegou a voar da caixinha como eu queria que tivesse acontecido em catarse. A notícia não era boato como eu esperei que fosse. Helena não terminou com ele dias depois como eu pedi na igreja para acontecer e nem passou a enxerga-lo de verdade, o que seria o mínimo. Já se vão sete anos de namoro e ela continua vendo somente o cara popular do colégio que, mesmo depois de formado, continua fazendo com que a coroa caia cada vez melhor na cabeça dela. Dizem que para o Guilherme, a Helena é uma namorada troféu. Mas eu vejo o contrário. Ele é só mais um dos troféus que ela coleciona. Melhor aluna, melhor amiga, melhor mocinha de família, melhor comportamento, melhor caráter e, claro, tem lugar pra melhor namorado na estante. Me dá náuseas.
Às vezes eu acho que nasci com lentes especiais. Lentes únicas e com um poder específico: enxergar o Guilherme que ninguém mais vê. Porque eu não vejo ninguém vendo como ele é paciente com a mãe mesmo quando ela tem aqueles ataques insuportáveis de perua e culpa-o por tudo quando enche o pote. Também não o vejo levar crédito por ajudar o pai em qualquer coisa que seja, mesmo que ele continue dizendo que teve um filho inútil e que preferia ter a nora como herdeira. Só eu vejo como ele é inseguro em relação às escolhas que nunca foi capaz de fazer na vida, ou o quanto tem medo de nunca estar à altura do que lhe foi dado como investimento. Só eu consigo enxergar através daquela marra e ver o quanto aqueles olhos são transparentes e tristes. Guardam tanta mágoa lá dentro que qualquer um seria capaz de se afogar em tristeza se quisesse olhar realmente fundo. Talvez por isso os cabelos teimem em cair sobre os olhos. São cortinas que tentam esconder um Guilherme frágil e indefeso, muito diferente do que ele criou para se proteger do mundo.
Você pode achar que isso tudo é a visão de uma garota apaixonada e, ei, não vou tirar sua razão por isso. Mas eu, particularmente, vou continuar achando que conheço um Guilherme a quem ninguém mais teve a honra de ser apresentado. E por isso continuo achando que, um dia, esse amor que sempre tive por ele vai ser recíproco. E, aí sim, ele vai poder ser de fato o Guilherme que só eu sempre pude ver.
Nome: Guilherme Lunardeli
Signo: Áries
Família: Mora com os pais, Helô e Ângelo Lunardeli.
Onde mora: Em Ipanema, em uma cobertura na Maria Quitéria, esquina da praia.
Descrição física: Cabelos castanhos bem escuros lisos, olhos azuis, 1.92m e 83kgs.
Personalidade: Guilherme é o dono da bola. Sabe o quanto chama a atenção das pessoas e sabe tirar proveito disso. É manipulador de uma forma quase inconsciente. Pavio curtíssimo!
Melhor amigo: Os caras do time de futebol do colégio que são inseparáveis até hoje.
Namorada: Helena Piva de Albuquerque, desde os 16 anos.
Filme preferido: “Velozes e Furiosos”
Música preferida: Qualquer uma do Offspring
Livro preferido: Quadrinhos da Marvel.
Programa de tevê: Futebol e UFC
Lugar preferido: Qualquer lugar desde que com as pessoas certas.
Maior qualidade: confiança em si mesmo
Maior defeito: falhas de caráter
Peça de roupa favorita: camiseta branca e calça jeans.
Uma besteira que quase ninguém sabe sobre ele: tinha medo de coalas quando pequeno. Medo não, pavor, só de ver uma foto que fosse!
0 Comments
– Mais uma descrição que desperta curiosidade e interesse em conhecer melhor não apenas os personagens em questão, como obviamente, a história em si.
Aposto que a história será fascinante e que todo mundo correrá às bancas e livrarias para comprar!