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As cidades de “Crônicas de Atlântida”: Xambala-Manova

xambala-manova

A  origem do mito

Ao contrário de Atlântis e Calípolis, Xambala-Manova não é baseada em Platão, mas na combinação, pela teosofia do século XIX, de outros mitos de origem menos antiga: o mito indo-tibetano de Shambhala e o mito europeu da “raça ariana”.

No budismo tibetano e mongol, Shambhala é um vale feliz, oculto e pacífico, no qual é possível se refugiar e do qual virão os salvadores da humanidade quando a Terra for dominada pela guerra e a destruição. O mito surgiu na Índia do século X e chegou ao Tibete no século seguinte. Aparentemente, baseou-se na existência real de uma civilização budista de língua indo-europeia no atual Xinjiang entre os séculos II e X, quando foi eliminada por conquistadores muçulmanos. Monges budistas expulsos pela invasão teriam se refugiado na Índia e exagerado por nostalgia a descrição de seu país desaparecido, transformando-o em um paraíso perdido do qual um remanescente oculto continuava a existir. Com o nome de Shangri-Lá, uma versão literária ocidental dessa lenda originou o romance e o filme Horizonte Perdido.

O mito ariano começou a se forjar no século XVIII, quando os linguistas europeus deram-se conta do parentesco da maioria das línguas vivas e mortas de seu continente com as dos persas e indianos, notadamente o antigo sânscrito. Muitos acreditaram que não só as línguas indo-europeias tinham uma origem comum, como essa seria também a origem da civilização e “raça” ariana. Vários lugares da Europa e Ásia, da Alemanha à Índia e Ásia Central, foram propostos como seu berço e o astrônomo Jean-Sylvain Bailly, julgando apoiar-se em indícios mitológicos e científicos, sugeriu que ela tinha surgido no Pólo Norte e depois, “quando o mundo esfriou” migrado para um local próximo do paralelo 49 (baseando-se em tábuas astronômicas indianas que, segundo ele, pareciam ter sido compiladas nessa latitude), no norte do atual Xinjiang, de onde teria se espalhado para o resto do mundo.

Isto se aproxima geograficamente (embora não historicamente) da tradição de Shambhala. Em uma de suas versões, o dia ali dura exatamente 16 horas no solstício de verão, dado que, levado ao pé da letra, a localizaria entre os paralelos 47 e 48.

Essas especulações foram tomadas em alta conta pelos ocultistas do século XIX, que alegaram ter descoberto mistérios do passado por meio de fontes secretas ou clarividência. Louis Jacolliot, magistrado Índia francesa, escreveu em um livro de 1873 que brâmanes lhe tinham revelado a origem da civilização numa antiga cidade indiana chamada Asgartha, nome claramente derivado da Asgard da mitologia nórdica, mas combinada com descrições da mítica Ayodhya da epopeia indiana Ramayana. Na versão de 1886 do ocultista Saint-Yves d’Alveydre, hoje mais conhecida, Asgartha tornou-se Agartha e foi descrita como ainda existente e governada por mestres secretos num lugar subterrâneo e secreto debaixo do Himalaia.

Na versão desenvolvida de 1888 em diante por Madame Blavatsky e seus seguidores, Shambala foi identificada com a capital de um império do passado no qual teria sido forjada a “raça ariana” a partir da seleção racial sistemática por mestres teosóficos. Construída sobre a mística “Ilha Branca” e nas margens do continente próximo onde se estendeu com o nome de Manova (“cidade do Manu”, progenitor da humanidade na mitologia indiana e criador e selecionador da raça na teosofia), teria dominado toda a Ásia Oriental e a partir dela os povos “arianos” migraram para a Europa e a Índia. A cidade teria sido destruída e seu mar transformado em deserto pela mesma catástrofe que afundou Atlântida, mas suas ruínas ainda serviriam de local secreto de reunião de iniciados.

A especulação em torno desse mito foi reavivada no início do século XX pela descoberta no atual Xinjiang de múmias de aparência europeia pelo arqueólogo britânico Marc Aurel Stein e da desaparecida língua tocariana que lhes foi relacionada. Tratavam-se de integrantes dos mais orientais dos povos seminômades indo-europeus que predominaram na Ásia Central antes da expansão turca e mongol, análogos aos bárbaros citas bem conhecidos dos gregos, mas racistas os viram como uma grande civilização e prova da origem ariana da civilização chinesa. Aparentemente fascinados pelas narrativas teosóficas, os nazistas Heinrich Himmler e Rudolf Hess enviaram expedições alemãs ao Tibete nos anos 1930.

A Agarta de “Crônicas de Atlântida”

Na série “Crônicas de Atlântida”, o nome de Agarta – hoje geralmente associado a um reino subterrâneo oculto no Himalaia ou na “terra oca” de certas crenças esotéricas, mas originalmente uma fusão “indo-europeia” entre a nórdica Asgard e a indiana Ayodhya –, é dado a um império governado por uma impiedosa elite branca e loura, dividida em castas, que domina uma massa de servos negros e orientais e é o mais poderoso rival do Império de Atlântida, cuja elite é de pele escura e aparência ameríndia. No já publicado romance “O Tabuleiro dos Deuses”, Agarta aparece como uma ameaça distante e como local de origem de uma das personagens principais, Tjurmyen, ex-serva refugiada da opressão agarti.

Já no romance “O Olho de Agarta”, esse império e sua capital são os cenários principais da trama. Sua descrição se baseia quase inteiramente na sua versão teosófica, principalmente nos capítulos XIV a XXI de “O Homem: donde e como veio, e para onde vai?”, obra supostamente clarividente de Annie Besant e C. W. Leadbeater, publicada originalmente em 1913. Neles está presente um clima autoritário, racista e mesmo protonazista, com a exaltação da “Quinta Raça-Raiz” (“ária”) e o desprezo pelos demais povos e em especial pelo luxo, sofisticação, conforto e individualismo orgulhoso dos atlantes da “Quarta Raça-Raiz”. Afirma-se categoricamente, por exemplo, que:

Rigor, reserva e dureza caracterizavam a política dos arianos em relação aos estrangeiros. Eles se mantinham em dignificada reserva, sem jamais dar-lhes consideração especial nem admiti-los no interior de suas casas, mas apenas recebendo-os no pátio externo. Havia casas e pátios separados para hospedagem das eventuais caravanas de mercadores e embaixadores de outras nações. Eram recebidos com hospitalidade e cortesia formais, mas tratados sempre com uma reserva inalterável que assinala uma barreira intransponível (…)

Não havia jornais, nem qualquer meio de informação pública além do Estado, que mantém um escritório de informação geral onde os cidadãos qualificados podem procurar as notícias que lhe interessarem. Não era costume dar-lhes publicidade generalizada.

Esses e outros traços foram desenvolvidos com mais detalhes no romance, que os complementou com outros tomados emprestados da antiga Esparta, principalmente na organização da educação, da servidão e da polícia secreta e na ausência de muralhas. As “sub-raças” céltica, árabe, iraniana, teutônica e “raiz troncal”, que segundo Besant e Leadbeater foram especialmente selecionadas antes de se dispersarem pelo mundo , nas cinco castas agartis: yavanas, arabayas, pardhavas, tautas e sindhus, em ordem de prestígio crescente. Como na descrição de Besant e Leadbeater, a civilização de “O Olho de Agarta” fala uma língua parecida com o sânscrito e o protagonista leva um dos dois nomes especificamente citados pelos dois teósofos como de moradores da capital: Vasukhya, apelidado Vasu.

Xambala-Manova

olho

A descrição arquitetônica e topográfica da capital de “O Olho de Agarta” também se baseia inteiramente na obra de Besant e Leadbeater. É uma cidade dupla, com sua parte sagrada situada na “ilha Branca” com o nome de Xambala e a profana no continente, com o nome de Manova. São ligadas por uma grandiosa ponte que lembra Bifrost, a ponte do arco-íris que, na mitologia nórdica, une Asgard a Midgard. A ilha tem no seu ponto central e mais alto o “Templo do Fogo Sagrado”, o mais importante de seu culto e religião. Manova é uma cidade espaçosa com grandes avenidas buy viagra online que apontam todas para Xambala.  O conjunto de Xambala e Manova tem mais de três milhões practice driving test time, quality of training, job placement, and the quality of the instructors should all be major factors influencing your decision. de habitantes e foi planejado de forma a, visto de pontos elevados, sugerir um grande olho dentro de um triângulo, em torno do qual as linhas mais escuras da cidade no continente formam uma auréola colorida – What’s more, taking a look at your free-credits-report.com report will help you determine if you’ve become a victim of identity theft. o “Olho da Providência” da simbologia cristã e maçônica. Setores mais importantes:

xambala

Xambala – é o conjunto construído sobre a Ilha Branca, habitado principalmente por sacerdotes, pela corte do Manu e por seus servidores imediatos, num total de 200 mil habitantes. Tem uma forma levemente cônica e é coberta pelo palácio imperial e por templos de mármore branco com incrustações de ouro, cercados de arcos e minaretes, todos voltados para o vasto tempo central, coroado por uma cúpula imensa e dispostos num grande círculo dividido por quatro avenidas principais. É o “Olho de Agarta” do título, tanto pela sua forma quanto por ser a sede do poder imperial que vigia a todos em seus domínios.

ponte

Ponte Bifarasta – é a enorme ponte que liga Xambala a Manova, assim como Bifrost liga a terra dos deuses à dos mortais, tão impressionante que o conjunto é chamado “Cidade da Ponte” na obra de Besant e Leadbeater. Em sua descrição, é uma construção em modilhão, lavrada de volutas maciças e decorada com grandes grupos de estatuária e as pedras da calçada medem 50 metros. Além de servir às necessidades quotidianas, é o palco da grande procissão anual para o Templo do Fogo Sagrado, que se concentra na praça Madhyagraha. Nas suas imediações estão a hospedaria militar que recebe oficiais de outras regiões em missão na capital, o quartel-general do exército e a sede da polícia secreta, a Kraukura. Liga-se diretamente com as estradas do Oricalco e do Aço, que ligam a capital às províncias do Oeste e do Leste do império.

manova

Manova – é a cidade profana, dividida por grandes avenidas em 36 distritos de estrutura e população semelhantes (90 mil a 100 mil habitantes cada um). São planejados com conjuntos residenciais, áreas comerciais, de lazer e manufatureiras padronizadas, com construções que seguem os mesmos alinhamentos e estilos arquitetônicos. Cada um desses distritos, que não têm nomes, mas apenas números (ímpares do lado oeste e pares do leste, crescentes do centro para as pontas), é dividido em cinco subdistritos, cada um deles habitado por uma casta que adota uma cor predominante característica nas suas vestes e construções. O mais próximo do mar é o dos yavanas, casta dos artistas, cuja cor é o verde. O seguinte é dos tautas, casta dos guerreiros (à qual pertence o protagonista), que usa vermelho. O terceiro, central, é dos sindhus, casta sacerdotal, e também concentra a praça principal do distrito, seus templos e armazém principal. O quarto, azul, é dos pardhavas, administradores e comerciantes. O quinto e mais próximo das montanhas é o dos arabayas, artesãos e construtores de amarelo. Os subdistritos da cinco castas, dispostos todos na mesma ordem com as mesmas cores, dão de um ângulo apropriado a impressão de um arco-íris cercando a ilha de Xambala. Vasukhya ou Vasu mora no subdistrito tauta do quarto distrito (o segundo a leste do eixo central).

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Cidade Velha – é a parte mais antiga e menos planejada da cidade, a noroeste, onde viveram o imperador e seus seguidores antes da construção do “plano-piloto” de Xambala e Manova. É cercada por uma antiga muralha, inclui um farol para advertir os navegantes dos rochedos que a cercam e é formada por palácios e templos antigos, hoje praticamente desabitados, mas conservados por razões históricas e usados como depósitos e escritórios administrativos.

gueto

Gueto dos Estrangeiros – é um bairro fechado por um muro alto junto ao mar, a oeste da ponte Bifarasta e do centro de Manova. Ali as caravanas e embaixadas vindas do estrangeiro se alojam e seus mercadores fazem seus negócios.  Não podem sair de lá a não ser com autorização expressa e salvo-conduto das autoridades militares de Manova e de modo algum podem pisar na cidade sagrada de Xambala.

porto

Zona do Porto – um bairro junto ao mar a leste da ponte e do centro de Manova. Há ali uma base naval e um porto para os navios mercantes que trafegam pelo Daishiya Samudra (“mar interior” em agarti), chamado mar de Helcar pelos atlantes. Há também hospedarias e tavernas para viajantes agartis, cassinos e bordéis. É a área mais livre de uma cidade fortemente vigiada e disciplinada, onde é possível ter diversão e confraternização informais.

vale

Vales dos Yavanas, Tautas, Pardhavas e Arabayas – formam os subúrbios de Manova e na obra de Besant e Leadbeater, são longos vales separados por colinas, distantes trinta quilômetros do mar, onde as sub-raças foram segregadas e desenvolvidas sob a orientação da autoridade teosófica do Manu. São, portanto, haras humanos onde os tipos ideais das castas são criados e multiplicados com as qualidades físicas e psicológicas desejados pelos sacerdotes que ditam os casamentos (Xambala serve como “haras” da casta sacerdotal) antes de serem enviados a emigrar para a cidade ou para outras regiões para “melhorar” a raça agarti. O vale dos tautas serve também para o treinamento militar dos jovens da capital, assim como os outros são visitados por jovens de suas castas para seu aperfeiçoamento.

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