Então só havia uma alternativa em sua fuga e depois de três dias de caminhada intensa comendo apenas o que encontrava no mato, chegou à soleira de uma cabana velha que ficava próxima a uma vila. Era um lugar perto o suficiente para dar menos de uma hora de caminhada até o povoado, mas longe o bastante para não receber hóspedes indesejados do vilarejo. Típico.
Bateu à porta e esperou, puxando a túnica mais para perto de si.
Quando a madeira pesada se abriu, tudo que Lorremin conseguiu pensar foi em como ele estava velho.
“E assim se vai Malerk, tão velho quanto eu”.
Comecei a pensar em “A Última Vez” dentro de um ônibus, indo para o trabalho. O engarrafamento estava tão tenso que pensei nas linhas gerais da história toda antes das 07h30min da manhã. Nessa altura os personagens não tinham nomes, mas eu já tinha decidido os rumos desse amor. Além disso, montei a estrutura narrativa intercalando com os flashbacks da juventude.
O conto tem o background de uma fantasia clássica com inspiração medieval. Esse universo, Euranía, abriga outras histórias minhas, mas “A Última Vez” é a primeira a ser publicada. Comecei a pensar em Euranía aos oito anos de idade, veja bem, é uma terra que povoa (e assombra!) minhas ideias, então foi muitíssimo interessante explorar dois locais desse mundo fantástico e dar vida a eles enfim: o Templo e a floresta.
Pois esses são os cenários onde os starcrossed lovers desse conto, Malerk, um curandeiro exímio, meio displicente e carrancudo, e Lorremin, um estudioso dedicado, se encontram em dois diferentes pontos de suas vidas. Existe um clima de guerra no ar, afinal Lorremin está fugindo, mas o foco principal fica mesmo nos dramas pessoais desses dois homens.
Se foi estranho escrever sobre dois homens apaixonados? Nem um pouco. Na verdade, eu já queria escrever uma história com esse foco há um tempo e a antologia foi uma excelente (e oportuna!) chance de fazer isso. Agradeço imensamente à Tanko Chan e à Draco por essa oportunidade de publicar. Que venham mais iniciativas como essa! Todas as formas de amor são amor e como escritora é sempre ótimo visitar todas elas.
Ouvi muito Smashing Pumpkins quando estava escrevendo esse conto. Era minha trilha sonora de ida ao trabalho. Quando chegava em casa, escrevia. Será que vem daí o tom meio melancólico da narrativa? Depois vocês me digam.
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*Perdão, “A Última Vez”.
Este foi o primeiro conto que li e tive certeza imediata de que era exatamente isso o que eu queria para o livro. Gosto ainda mais de “A Última Troca” agora que sei da longa história que você tem com este universo ( muito bem construído por sinal). E a grande surpresa: sei que para escrever boy`s love você não precisa ser uma fujoshi ou fudanshi, mas o seu entendimento do tema e sensibilidade são os de uma veterana, ahahah!
Posso dizer que o prazer foi todo meu em ter esse conto nas páginas da coletânea.
Nossa, Tanko. Estou imensamente lisonjeada. 🙂 Que bom que consegui transmitir o que você pensou como proposta pra coletânea. Foi uma delícia escrever esse gênero e posso dizer uma coisa: pretendo explorar mais essa temática.
Grande beijo!
Lerei em breve e tenho certeza de que irei gostar!
Mel, foi mal dizer, mas quase tudo que você escreve é melancólico – e eu adoro isso! hahahahahaha =D
Esse conto é um dos mais emocionantes e fantásticos da coletânea. <3 E eu adoro Euranía, já tive o prazer de ler outras histórias desse mundo. Ainda quero ler um livro sobre ele!
Acho que você tem razão, praticamente tudo
Acho que você tem razão, praticamente tudo que escrevo é melancólico. hahahahaha Awwwwn, fico feliz demais que você tenha gostado dele. 🙂 Euranía é um mundo querido que ainda vai virar livro.