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Super-Heróis: Um bate-papo com Lucas Rocha, autor de “A Verdade Sobre Raio Vermelho”

— Sabe… vocês acham que ser um super-herói é uma grande coisa, mas na verdade não é. É claro que ter superpoderes ajuda em determinadas situações, mas é pior do que um emprego comum: você tem hora para entrar e não tem para sair, você se estressa, se frustra, quer ir embora antes da hora e fica doido para chegar o fim de semana. Só que super-heróis não têm folga. Acho que foi por isso que decidi me aposentar da luta noturna contra o crime: porque cansa. É edificante e bonitinho para a minha biografia, mas pense comigo: passar a noite inteira acocorado nos tetos, olhando para os bandidos e escolhendo qual você acha que tem menos chance de te matar. Porque, no fim das contas, eu também sou feito de carne e osso. Se me derem um tiro, a bala perfura minha pele. Não sou de Krypton. Aí você escolhe o cara, dá umas porradas nele, recebe um sorriso da vítima, uma passada de mão e um beijo se ela for mais abusada, e vai embora, de volta para os telhados. Ninguém te paga sequer o dinheiro do Red Bull que você tomou a noite toda pra ficar aceso. É cansativo pra caralho.

CROPRaio vermelho uma biografia

O que você curte nos super-heróis?

De tudo o que os super-heróis apresentam, acho que o que mais curto é o fato de que possuem problemas e indagações humanas, mesmo com uma quantidade de poderes extremamente superior a qualquer pessoa comum. O drama pessoal tem uma força surpreendente nas boas histórias de super-heróis (alô, “Watchmen”; alô, “Quem matou a Retro Girl”; alô saga da Fênix Negra) e, para mim, é muito superior aos prédios sendo destruídos e aos raios lasers sendo disparados para todos os lados.

Como foi escrever para uma coletânea sobre super-heróis, mas tendo essa questão da identificação luso-brasileira?

Tentei conciliar as duas coisas enquanto escrevia minha história, e acho que não foi tão difícil quanto pode parecer em um primeiro momento. Escrever sob a perspectiva luso-brasileira, para mim, não é nem um pouco desconfortável. Na verdade, soa muito mais natural escrever sobre o centro do Rio de Janeiro – um lugar onde caminho todo santo dia – do que escrever sobre Los Angeles, por exemplo. Curto muito mais descrever um prédio ou uma rua por onde passei do que pesquisar em guias, mapas e vídeos sobre lugares que não conheço pessoalmente.

Das ideias que você poderia ter, por que o Raio Vermelho?

Quando escrevi este conto, estava no meu momento angst adolescente revoltado com a vida. E, é claro, Charles Bukowski estava ao meu lado. Tinha acabado de ler “Misto Quente” e fiquei beneficamente intoxicado com a sujeira e com a falta de pudores do texto, e percebi que ele não precisava ser uma coisa idílica, limpa e perfeita para ser bom. O Raio Vermelho é um pouco dessa sujeira bukowskiana com uma pitada de falta de esperança. Quis mostrar que ser um super-herói não é sobre salvar moças de prédios em chamas e sair em capas de revistas, mas sim um trabalho sem nenhum reconhecimento e com muito mais ônus do que bônus.

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