Barulho de passos se aproximando. A escuridão foi quebrada por um forte facho de luz que o cegou por longos segundos. A porta se abriu com um clangor metálico alto, e logo braços fortes levantaram-no do banco decrépito onde estava sentado. Soldados de porte semelhante ao seu, vestidos em fardas de um azul marinho imaculado, agarraram-no. Sem palavras, foi arrastado para o corredor.
No processo de escrita de “Para você, com amor”, tive duas ideias. A primeira era impublicável de tão ruim, mas levei bastante tempo para perceber isso. A segunda me apareceu como um estalo, ao terminar uma releitura do romance 1984, de George Orwell, e deu origem ao conto em questão.
Em ambas, eu queria mergulhar na ideia de distopia, usando a figura de um governo totalitário e opressor. Embasada em alguns rabiscos anteriores de ficção científica, pensei em um relacionamento que pudesse florescer de maneira autêntica em um meio tão árido para o contato humano. Assim, surgiram personagens de nomes monossilábicos, rápidos, na tentativa de exprimir um ambiente em que o tempo é exíguo as relações, ásperas.
Inspirada visualmente em cenários semelhantes aos de Exterminador do futuro – A salvação, e O livro de Eli, além de games como Fallout, segui com a história do casal tecendo o enredo, e esperando ter criado personagens interessantes e verossímeis.
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