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Super-Heróis: Entrevista com Angelo de Capua, ilustrador da coletânea

super-heróisAngelo de Capua, ilustrador da antologia Super-Heróis, concedeu-nos esta entrevista. Acompanhe o que este discípulo de Alex Ross tem a contar!

Vamos ao básico: nome, idade e formação?

Angelo Artur De Capua, 23 anos. Ensino médio completo.

Autodidata?

Na grande maioria sim. Eu fiz um curso de pintura quando eu tinha 17 anos e só fui fazer um curso de desenho aos 19, mas nessa época eu já trabalhava profissionalmente como chargista de jornal.

Quando você resolveu que queria ser ilustrador?

Quando eu tinha 11 anos de idade.

A família apoiou, chiou, pagou promessa…?

Não, eu sempre tive muito apoio. Meu pai comprava as revistas de curso pra mim, era o que dava pra pagar na época. E minha mãe pagou meu curso aos 19. Sem contar que meus tios e avô pintavam. Então me davam tintas, faziam cavaletes e tal.

Mas então quer dizer que é algo herdado de família?

O talento, sim. Mas eu sou o único que conseguiu trabalhar profissionalmente.

Quais suas referências?

Bem, a primeira vez que eu me lembro de ter buscado um artista pra seguir foi com 14 anos, quando eu comecei a ler o Conan. Era um cara chamado Geof Isherwood. E, óbvio, eu ia acabar conhecendo o John Buscema por causa do Conan. Então, eu meio que tentava achar um jeito de combinar a arte dos dois em uma coisa só, mas eu não estava feliz. Até que com 16 anos eu conheci o trabalho do (Alex) Ross. Aí eu não quis saber de mais ninguém. E assim foi até bem recentemente, quando eu comecei a ver o método de trabalho de artistas como Mike Butkus ou Donato Giancola, que me interessaram muito. Mas o Ross ainda é muito importante.

Que técnicas de pintura você domina?

Bem, a minha formação foi com tinta óleo sobre tela, mas o que eu me dediquei por conta própria ao longo dos anos foi o guache e a acrílica. Mas a minha preferida é o guache, é o que eu mais uso.

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O que você usou para as ilustras e capa da Super-Heróis?

Guache. Internamente eu usei o guache preto diluído com água pra criar os degrades, e na capa um guache colorido e sólido onde eu faço o que eu faria se eu estivesse usando tinta óleo.

Você trabalha com modelos, certo?

Eu já acostumado com esse processo de trabalho de chamar modelos e tal, mas é difícil achar as pessoas certas. Às vezes eu mesmo tinha que posar. Era difícil bolar as roupas, mas o lado bom de ser brasileiro é que a gente se vira como pode.

O que você ainda não tentou fazer, e pretende ou gostaria?

Bem, eu tenho planos de comprar um aerógrafo, vai ajudar a concluir os fundos mais rápido e dá pra criar uns efeitos muito difíceis de conseguir no pincel.

Como foi trabalhar para a Antologia Super-Heróis?

Deu bastante trabalho, mas eu gostei muito. Aprendi muito e me surpreendi muito.

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Com o quê, por exemplo?

Com a qualidade das histórias e dos personagens. Eu, como muitos brasileiros, sou bem preconceituoso quando alguém me apresenta algo feito aqui. Então pra mim foi uma surpresa quando vi que tinha personagens tão bons e alguns até melhores que os dos gringos e isso me fez querer realmente caprichar.

Conta mais sobre o processo das ilustrações de miolo, capa… quais as dificuldades que você sentiu?

Bem, pra falar a verdade, em termos técnicos eu não tive muitas dificuldades. Eu estava bem seguro do que eu conseguia fazer e do que eu iria fazer na obra, acho que o mais pesou foi que eu nunca tinha feito tantas pinturas em sequência. Descobri que elas levam mais tempo que eu imaginava, desse jeito.

Você também dá aula de pintura. Como é dar aula? Você gosta?

Sim. Eu gosto de dar aulas. Se eu tivesse condições seria algo que eu faria de graça. Uma hora eu chego lá.

Você tem algum projeto pessoal?

Na arte não. Eu gosto de desenvolver da imaginação dos outros, não sou muito bom pra criar histórias nem nada. Então prefiro pegar algo que alguém idealizou e transformar em imagens.

Onde você pretende chegar com a arte?

Bem eu tenho dois lados. Um que gosta de deixar as coisas acontecerem e simplesmente vê onde elas vão parar. Eu gosto dessas surpresas. A outra é trabalhar nos filmes, de preferência nos estúdios do Peter Jackson na Nova Zelândia. Eu amo filmes mais que quadrinhos, livros ou games.

Então, você é um cinéfilo?

Sim, tenho uma pilha de DVDs aqui no meu estúdio, e um monte de posters nas paredes.

Quais seus filmes favoritos?

Pô, eu tenho muitos. Mas eu gosto geralmente só de duas linhas: os que me inspiram artisticamente (nessa categoria eu podia botar O Senhor dos Anéis, Transformers e Star Wars), e os que me inspiram internamente a sempre continuar lutando e buscando o topo. No caso, podia citar a hexalogia do Rocky e o Imbatível 2 e 3.

Histórias de luta e superação?

Exato. Mas que tenham ação, de preferência.

Uma vez você me falou do Charles Atlas. Ele tem de alguma maneira uma relação com a sua arte?

Eu gosto de desenhar heróis e guerreiros “bombados”, então sim, o cara é minha inspiração.

Ao mesmo tempo é um desenvolvimento físico mais realista, conforme o que você gosta de pintar?

Claro, acho que tudo faz parte. Eu não sou gigante, mas quando eu preciso de uma referencia mais realista de músculos e não tenho ninguém grande disponível, eu quebro o galho, graças aos exercícios.

E para trabalhos ou para aulas, os fãs que gostaram do que você fez devem te encontrar como?

Podem me encontrar através do Facebook, ou pelo e-mail [email protected]. Eu dou aulas online via Skype (adicionável via conta do Facebook).

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0 Comments

  1. Ana Lúcia Merege disse:

    Muito legal conhecer esse jovem e talentoso artista. Muito sucesso pra você, Angelo!