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Dragões: Escrevendo “Novo voo”, Josué de Oliveira

Petros Graig aproximou-se novamente da borda do edifício. Chuva cinzenta, cachoeiras fantasmagóricas. Arkasia se estendia em todas as direções abaixo dele, um revolto emaranhado de diversidade animal e humana, prédios, tocas e ninhos organicamente integrados. Um uivo cortou a noite, outro veio em resposta. Ele se lembrou de uma velha canção sobre o caos primordial e a batalha na alvorada do mundo que ouvira uma vez há muito, muito tempo. Estranha lembrança. Mas apropriada.

 

Diante do vulto abrumado da Cidade, seus ruídos filtrados pela chuva, luzes esparsas acentuando o negrume ao redor, sentiu-se só. Pequeno.

 

A tempestade prosseguia.

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Literatura fantástica é algo relativamente novo para mim. Tenho feito incursões eventuais a este terreno, mas, sem sombra de dúvida, o gênero que mais me agrada, como leitor e autor, é o policial. Gosto de histórias de crime, onde há um tabuleiro imaginário posto sobre a mesa (também imaginária) e o autor desafia o leitor para um jogo. Particularmente, acho a sensação de virar as páginas movido pela sede de descobrir o que aconteceu, quem matou, qual é o motivo do crime etc. uma das mais deliciosas da experiência literária.

Daí a ideia de criar uma trama detetivesca num cenário completamente fantástico quando a Draco anunciou a antologia Dragões. O conto, se quisermos aplicar categorias, se encaixa no gênero fantasia urbana: aqui a cidade é um personagem. A cidade, neste caso, é Arkasia, onde humanos convivem com animais altamente evoluídos. Falcões, cachorros, gatos, gorilas e até tartarugas dividem espaço nessa selva de concreto. Quis que fosse assim pela importância do cenário urbano para o gênero policial. Alguns pesquisadores listam a crescente urbanização do século XIX como um dos fatores responsáveis pelo advento e crescimento do gênero. Foi nesse momento que as cidades se tornaram enormes, labirínticas, imprevisíveis, com áreas demarcadas, lugares onde não se deve ir, abrigando gente de toda espécie. Não se pode domá-la, não se pode conhecê-la de todo, e um perigo pode estar esperando a cada esquina. É somente num ambiente assim que uma literatura como a policial consegue se desenvolver. Quis brincar com esse conceito e assim criei minha cidade.

A trama se inicia com o assassinato de um falcão, Zaron Dott, professor da História especializado em narrativas fundacionais das muitas espécies que habitam Arkasia. O policial escalado para investigar, Petros Graig, conhecia a vítima, e mais do que isso: os dois compartilhavam um segredo protegido há gerações. Os dragões nessa história são, durante boa parte do tempo, insinuações, figuras aprisionadas num passado mítico… ou nem tanto. Novo voo foi minha tentativa de conciliar o policial com o fantástico, e particularmente gosto do resultado. Espero que o leitor também.

Você pode baixar o conto em formato e-book na sua loja preferida, acesse a hotpage: http://editoradraco.com/2013/01/02/dragoes-novo-voo-josue-de-oliveira/.

Quer ler esse e outros contos da coletânea Dragões? Acesse: editoradraco.com/2012/11/29/dragoes/ e garanta o seu exemplar!

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