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Dragões: Escrevendo “Mistérios, mentiras e dragões”, Elsen Pontual

Quando cheguei perto o bastante para a luz fraca dos postes iluminar meu rosto magro e pálido, Flora, a legista de plantão, veio correndo me receber com toda a simpatia que se pode esperar de uma mulher que ganha a vida conversando com cadáveres.

 

— Dallas, seu rato, o que você está fazendo aqui? — disse oferecendo-me um cigarro — Pensei que você estivesse de férias.

 

— Eu também pensei — respondi recusando com um gesto o palito venenoso — Então, o que temos aqui?

 

— Ah não! — disse ela levantando as mãos espalmadas — Você não vai me fazer dizer isso em voz alta! Juro que nunca vi nada igual em toda a minha vida, Dallas. De fato, nem sei por que me trouxeram aqui. Você vai pirar quando vir!

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Desde pequeno, dragões são minhas criaturas favoritas. Nas minhas brincadeiras de faz-de-conta, os cavaleiros sempre terminavam torrados e quando passei a narrar partidas de RPG, os jogadores do meu grupo sofriam quando tinham de enfrentar esses magníficos cuspidores de fogo. Então, quando vi a chamada de uma antologia onde Dragões era o tema principal, no Ano do Dragão, e pela editora Draco, pensei: tenho que entrar nessa coletânea!

Porém, apesar de adorar o aspecto clássico do mito, decidi que gostaria de apresentar algo diferente à editora. Sabia que aquela seria uma antologia muito concorrida e que um pouco de originalidade contaria a meu favor. Como havia acabado de ler uma excelente coletânea de fantasia urbana, cenários com ruas escuras e becos esfumaçados rondavam minha mente, e uma história de detetive, com atmosfera noir, começou, aos poucos, a se desenhar.

Dragões, assassinato, intriga, rock clássico e carros de época. Quanto mais trabalhava na linha guia, mais essa mistura me parecia acertada. Somente quando já estava com umas três cenas na cabeça, e o esboço da trama principal no papel, senti a falta de um pequeno detalhe: o protagonista.

Eu sabia exatamente que história queira contar, mas me faltava saber quem a contaria e como. Então, fiz algo que recomendo a qualquer escritor iniciante que se veja sem inspiração ou travado em algum ponto da história: mandei a inspiração às favas e sentei diante do computador, pois aquilo que as musas se recusam a entregar, o suor no traz de muito bom grado.

Qual não foi minha surpresa quando um sujeito sarcástico e mal humorado surgiu no branco do monitor e começou a contar a sua própria história. Confesso que no início desconfiei daquela figura de aspecto mal cuidado e atitudes autodestrutivas, mas sempre que me questionava sobre o rumo do conto, ouvia na mente aquela voz embargada, carregada de whisky onírico, dizendo: “Relaxa, Elsen, vai por mim que eu sei o que tô fazendo.”

Hoje fico feliz por ter seguido esse conselho, pois naquele dia nasceu o Detetive Dallas e “Mistérios, Mentiras e Dragões” foi selecionado, figurando, junto com outras histórias extraordinárias, na antologia que leva o nome de minha criatura favorita.

Você pode baixar o conto em formato e-book na sua loja preferida, acesse a hotpage: http://editoradraco.com/2012/12/08/dragoes-misterios-mentiras-e-dragoes-elsen-pontual-sales-filho/.

Quer ler esse e outros contos da coletânea Dragões? Acesse: editoradraco.com/2012/11/29/dragoes/ e garanta o seu exemplar!

0 Comments

  1. Karen Alvares disse:

    Eu li o conto ontem! Adorei a história, toda essa atmosfera noir, como você comentou. E o Dallas é ótimo, divertido, sarcástico, incrível. Parabéns! 🙂