Quando eu e Gerson, que trouxe a mim a Vaporpunk, acordamos a publicação da Dieselpunk, sabia que a expectativa dos autores e público seria ainda maior por conta do trabalho realizado na capa da coletânea de steampunk. Falei um pouco sobre isso na entrevista que acabou de sair no blog do Romeu Martins, a quem agradeço pelo espaço e divulgação, como sempre. Sendo assim, como toda estética retrofuturista oferece temas que tanto gosto e com grande potencial para criação de imagens, tratei de bolar um detalhado projeto para a realização dessa peça, tentando aprender com os muitos tropeços do processo anterior. Ei-lo.
Quero dizer, pelo menos é assim que eu imaginava. Referências que não me saíam da mente eram o logo da 20th Century Fox e o game Bioshock, além da arquitetura no estilo art decó, pois não imagino uma época de grandes metrópoles sem enfatizar os prédios e a vida nas cidades grandes. No cinema, além do Metropolis de Fritz Lang, me inspirou muito Sky Captain. Vocês podem notar que há um trem no original que não passou para a versão final. Ah, não deu pra ver que era um trem, ali?
Como desenhista, gosto sempre de rabiscar alguma coisa para visualizar a ilustração, não importa onde eu vá executá-la. Então esse mesmo rascunho acima ficou em minha mesa por muito tempo, enquanto eu imaginava a hora em que deixaria de procrastinar e começaria o desafio. É um desafio como proposta como toda ilustração é, mas ainda mais porque meu domínio de ferramentas 3D é muito básico. Por isso comecei pela montagem com uma imagem de São Paulo, de autoria de Luke Chiconi, que durou 4 horas.
Aí, aprendendo com as cabeçadas e presepadas do último episódio em Vaporpunk, era só modelar, mas antes, dei uma passadinha no 2D e desenhei todas as formas para evitar ter que fazê-las em ambiente 3D, pois isso é muito mais chato e pouco produtivo.
Depois foi só aplicar a extrusão e texturas, mas então fiquei em dúvida sobre como colorir a moldura. Na minha cabeça ela tinha que combinar com a cidade, então fiz várias tentativas com tons parecidos, mas não cheguei a um resultado satisfatório. Então lembrei do cinema e do noir, referências que tinha em segundo plano e já diziam tudo: cores neutras que dessem o clima sem brigar com a imagem da cidade, estava decidido. Vejam alguns testes que não passaram:
Começou a misteriosa arte da iluminação, que levou vários e vários renders menores, pois o final demorou 3 horas no meu PC. Foram tantos testes que davam até uma animação, se eu postasse. Mas enfim consegui posicionar as luzes para dar as sombras e clima desejados e mais uma capa estava pronta. Adoraria ler os seus comentários a respeito.
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Eu ri das marcas de café no esboço 🙂
Ler esse processo é inspirador para iniciante na arte de elaborar capas. Obrigado.
Achei muito interessante o processo de criação e as referências.
Acho que é essencial termos referência quando vamos criar alguma coisa e você simplesmente demonstrou isto na prática. A capa ficou muito interessante e parabéns a Draco pela iniciativa de estabelecer um diálogo tão próximo entre os leitores e a editora mostrando estas etapas.
Abração!
Obrigado pela presença e carinho pelo nosso trabalho. A ideia é evoluir sempre, espero você na próxima. Abração.
Excelente! Como nos melhores DVDs os comentários do editor são essenciais para melhor fruição da obra. Acho que esse processo de mostrar os bastidores deveria se tornar uma tradição. Parabéns, novamente. Amanhã, faço um post chamando para cá.
Acho bem legal quando é exibido o processo de criação
Gosto muito das capas que dão ideia de 3D
Você por acaso já tinha visto a capa do cd da Janelle Monae?
Imagino que poderia ter ajudado quando vc criou
http://flash.atlrec.com/myspace/JanelleMonae/android-cover-700x.jpg
Obrigado pela dica, de fato é uma imagem que traz bem a cidade. 🙂 Abração!
Como comentei antes, você tem se superado a cada nova criação, a cada novo cuidado com detalhes que normalmente são deixados de lado.
Fico muito feliz de ver essa qualidade de trabalho em terras brasileiras, à frente de muita coisa que se vê por aí como “capa” em livrarias, fruto de “grandes editoras”.
O Vapor já foi dominado, o Diesel arrematado… que venha a energia solar!
Longa vida à Draco.
Obrigado pela força, mano. Abração.
Não é possível que eu seja a única que achou que esse trabalho maravilhoso foi meio que estragado pela tipografia feia do subtítulo x-x
É, fazer capas não é moleza, não. Aliás, desenhar não é nada fácil, como estou descobrindo. O resultado ficou esplêndido.