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[Top 5] Cangaço Overdrive, Zé Wellington e Walter Geovani

Zé Wellington, que também tem na Draco os quadrinhos Steampunk Ladies – Vingança a Vapor e Quem matou João Ninguém?, falou sobre as obras que o impactaram. Confira!

1 – Samurai Jack

Muitas influências surgiram no meio do caminho de Cangaço Overdrive, mas por incrível que pareça, a HQ começou com o desenho animado Samurai Jack, da Cartoon Network. Gosto muito de toda a vibe da história e a ideia inicial era ter um tom mais cômico em Cangaço Overdrive (ainda que Samurai Jack no geral fosse bem sério).

Contudo, no meio do processo de construção, surgiu a oportunidade de trabalhar com o desenhista Walter Geovani e achei que para o estilo dele era mais legal algo numa pegada mais adulta. Hoje o quadrinho lembra mais Ronin, do Frank Miller, que provavelmente influenciou Genndy Tartakovsky na concepção dessa história de um samurai deslocado no tempo.

E para completar, quando falei para o Geovani que que queria usar Samurai Jack como referência, ele me lembrou de outro samurai…

2 – Afrosamurai

O Geovani adora Afrosamurai e falou várias sobre ele nas conversas iniciais do projeto. Eu particularmente adoro escrever histórias de ação e aventura e, como já conhecia o anime, fiquei empolgado com a ideia. No final, acabamos optando por uma coisa mais pé no chão e menos viajante. Porém, um pouco da violência e pegada sanguinária de Afrosamurai ainda acabou sendo derramada em Cangaço Overdrive.

3 – Neuromancer

Com pouco tempo disponível para ler, terminei Neuromancer quando eu já estava na etapa final do roteiro de Cangaço Overdrive. O livro de William Gibson praticamente construiu todos os caminhos do que hoje é o cyberpunk, então era engraçado esbarrar na história em uma ou outra ideia que eu já tinha escrito. Isso tudo por que o romance de 1984 influenciou praticamente tudo o que me influenciou.

4 – Da lama ao caos

Com versos como “O homem coletivo sente a necessidade de lutar…”, se Cangaço Overdrive tivesse uma trilha sonora, seria esse disco do Chico Science & Nação Zumbi (ou vice-versa). Se teve alguém que conseguiu traduzir bem o movimento cyberpunk para o Brasil foi o Chico. Ressaltando a tradição e o regional, mas convocando o ouvinte para o futuro, o álbum projeta uma Recife (e, por consequência o nordeste inteiro) sombria e distópica. Um álbum lançado em 1994 e mais atual do que nunca. Escute as duas primeiras faixas prestando atenção na letra e volte para ler Cangaço Overdrive.

Ouça no Spotify: https://open.spotify.com/album/0W6hOSkA2g1BAXvwHUw7ds?si=uAf46PQJS3iHNkCcnF8UXQ .

Você vai entender tudo que motiva o núcleo de personagens do Morro do Preá.

5 – Patativa do Assaré – Ave ou poesia

Nessa tentativa de me conectar com o lugar onde nasci e escrever algo que fosse legitimamente nordestino, fui reapresentado ao cordelista Patativa do Assaré. Semianalfabeto e cego de um olho, o poeta popular falava das belezas do sertão do Ceará em seus cordéis, mas também tinha um lado ativista e político poderoso.

A hacker Lila, personagem do quadrinho, poderia muito bem ter escrito “Reforma agrária é assim”, poesia de convocação de combate de Patativa. Para quem quer conhecer melhor o poeta, fica a indicação deste documentário do diretor Rosemberg Cariry.

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1 Comment

  1. Caliel Alves disse:

    Meus parabéns aos autores, conseguirem usarem tantas referências da cultura pop e ainda assim trazer algo regionalista é um feito e tanto. Gosto muito do cyberpunk e escrever esse gênero ficcional pra mim é muito prazeroso. Dá muitas possibilidades ao escritor.