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Eu não gosto de finais felizes.

Não quero que isso pareça um spoiler do conto que escrevi. A verdade é que quem já leu qualquer coisa minha sabe que seria muito otimismo esperar que eu termine algo com “e eles viveram felizes para sempre”.

Quando recebi o convite para participar da antologia, a primeira coisa que pensei foi que era necessário fazer algo diferente do que provavelmente seria escrito pelos egrégios colegas. Eu queria um personagem unicórnio (quem não quer?), mas certamente mais alguém também teria um em seu conto. Então pensei:

Um unicórnio maligno… No mínimo, inesperado.

Pausa para falar das minhas preferências. Sou um fã incondicional de tokusatsu, aquelas séries japonesas de heróis coloridos que derrotam monstros gigantes e salvam Tóquio semanalmente. Graças a isso, decidi que queria aprender o idioma japonês. A lembrança mais antiga da minha vida é de um episódio de Jaspion, na extinta Rede Manchete. E a maioria esmagadora das coisas que eu consumo hoje no mundo do entretenimento são tokusatsu (no singular mesmo) recentes, que não chegam ao Brasil.

Um deles se destaca, e foi uma grande inspiração para esse conto: a série Kamen Rider Wizard. Resumindo ao extremo: o herói se coloca como a última esperança contra inimigos que tentam levar pessoas ao desespero.

Esperança contra desespero. Excelente, eu tinha um tema bem definido para trabalhar.

Pausa para falar da minha vida pessoal. Desde que me conheço por gente, tenho um problema crônico e interminável com o tal do amor não correspondido. Um dia vencerei isso, mas esse dia não será hoje. Dizem que um autor sempre escreve melhor sobre situações do cotidiano que ele conheça bem, então uma coisa levou à outra. Se eu posso sofrer, meus personagens também podem.

Até aí, eu tinha alguns elementos um tanto desconexos entre eles para concatenar. Começou então o trabalho de “amarrar” os acontecimentos numa sequência racional. Esboçar as motivações dos personagens foi até bem rápido. Em poucas horas de concentração ao som de boa música, eu já tinha detalhado tudo que ia acontecer na história, exceto pelo final.

E eu não gosto de finais felizes.

Pensei em algo agridoce, evitando tragédias. Pensei em algo reflexivo. Pensei em muitas coisas, mas não defini nada. Comecei a escrever a história até chegar ao ponto em que só faltava escrever o final – que eu ainda não sabia como seria.

Esbocei alguma coisa. A última frase do conto seria “Esperança e desespero são dois lados da mesma moeda”. Fui dormir, e acordei achando aquilo péssimo. E ao revisar e reescrever tudo, me veio a ideia que eu precisava para concluir satisfatoriamente o conto.

E quando finalizei os trabalhos, achei que ficou bom. Espero que vocês também tenham achado.

Por fim, o título “O último desejo” é uma referência ao nome dado pela dublagem brasileira a um episódio do meu querido Dragon Ball Z.

Não, não é plágio, já que o título original do episódio é オレはこの星に残る!!勝利への最後の願い (Ore wa kono hoshi ni nokoru! Shouri e no saigo no negai. Algo como “Eu vou permanecer neste planeta. O último desejo que levará à vitória”).

Para finalizar, posso dizer muito feliz que escrever esse conto me fez perceber que histórias tensas e trágicas ainda são o que eu faço melhor.

E que, pelo menos para mim, foi mais fácil aprender japonês do que ter um amor correspondido.

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1 Comment

  1. Liége disse:

    Já eu não gosto de finais tristes, mas sou irremediavelmente atraída por eles quando escrevo contos XD. Agora, um unicórnio maligno é algo que eu quero ver…