Eu nunca tinha pensando em escrever sobre ninjas ou samurais, mas acho que esta é a graça e o desafio de tentar participar de coletâneas com temas: sair da zona de conforto e tentar algo novo.
E a primeira coisa que me veio à mente quando pensei no tema foi a cena de Kill Bill que você pode encontrar no Youtube como “The Bride vs The Crazy 88’s”, em que a Uma Thurman enfrenta um exército de ninjas de terno e gravata antes de acabar com a raça da Lucy Liu. Mas do banho de sangue orquestrado pelo Tarantino só ficou mesmo o visual terno e gravata que o personagem Gaijin escolhe para executar a missão descrita no conto.
Alguma pesquisa depois (obrigada, Wikipédia!) e com a música No One’s Here to Sleep da banda Bastille (que não nada a ver com ninjas ou samurais, mas que dava o tom angustiado perfeito) no repeat, a história do vagabundo recrutado pela Ordem e transformado em seu melhor assassino foi tomando forma. Optei por escrever em primeira pessoa porque contando a história do ponto de vista do “cara que não sabe de nada” ficaria mais fácil pegar todas as informações disponíveis e macerar numa bela caipirinha de saquê, e a coisa fluiu muito bem assim. Em pouco tempo estava pronta a história da organização que induz seus associados a se considerarem os “anticorpos da podridão do mundo” e do assassino que recebe a missão de eliminar seu mestre.
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A lista de selecionados saiu num domingo em que eu estava ruim do fígado e a boa notícia teve efeito melhor que Eparema, mas a jornada do Gaijin ainda não estava concluída. Algum tempo depois chegou um e-mail do Eduardo Kasse apontando onde o texto precisava ser melhorado e, assim como o Mestre não economizou porradas no treinamento do Gaijin, o senhor Kasse não poupou golpes para melhorar meu conto.
Mas meu ego ferido o perdoou por dois motivos:
1 – Ele é guarulhense e na roça nós somos brutos mesmo.
2 – Num mundo cheio de “super entendidos” e “mestres da gramática”, considere seu aliado qualquer um que apontar os problemas do seu texto ANTES que ele seja publicado.
O resultado final foi um texto mais afiado e a descoberta da riqueza e das infinitas possibilidades que o tema samurais x ninjas proporciona. A história do Gaijin foi fácil de contar e um dos contos que eu mais gostei de escrever.
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