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Seus personagens têm personalidade?

personalidade

É muito gratificante ler uma história em que os personagens são bem trabalhados e nos cativam de tal forma que nos tornamos seus amigos, seus cúmplices ou seus inimigos ferrenhos.

Outro dia postei no Facebook como escrever personagens femininas era uma tarefa instigante. E assim também é com as crianças, vilões, seres sobrenaturais, animais etc.

Por quê?

Por causa da necessidade de desenvolver a personalidade deles.

Eu já li alguns livros em que todo mundo “falava igual”, com o mesmo estilo, os mesmos trejeitos e a mesma visão de mundo. E isso empobreceu demais a narrativa. Até havia algumas boas cenas, entretanto, essa padronização se sobressaiu e tornou a leitura monótona.

Por isso acho tão importante estudar cada personagem, as suas características, seu histórico e as suas vivências antes de transcrevê-los na história.

Até costumo fazer um exercício: criar um pequeno roteiro de como foi a vida do indivíduo até chegar ao ponto em que ele entra na história. E costumam sair coisas bem interessantes! Muitas delas acabo aproveitando para o livro.

É um trabalho complicado e que requer cuidado e tempo, mas vale muito a pena.

Quanto mais “reais” forem as nossas criaturas e criações, melhor. É preciso fazer o leitor acreditar nas motivações – mesmo que não concorde com elas – e sentir as alegrias, as angústias, as iras. Os personagens, apesar de estáticos na história – no sentido de “o que está escrito está escrito” – devem ser dinâmicos, gerarem emoções e reflexões.

Eles precisam nos tocar de alguma forma.

Um bom texto, principalmente de fantasia e FC, além de revelar as ideias do autor, precisa instigar a imaginação e despertar do mundo além do mundo, aliás, vários mundos!

Cada leitor cria as suas histórias paralelas, imagina como se desenrolaram algumas ações não explicadas, enfim, torna-se, de certa fora, um parceiro e até mesmo um co-autor.

Assim, usar a criatividade é essencial para dar vida ao livro, transformando personagens inanimados em seres com personalidade própria, seja essa apática ou marcante.

Vamos juntos nessa?

Até mais!

0 Comments

  1. Francisco de Assis Dorneles disse:

    Estou escrevendo uma distopia pós apocalipse climático. É a minha primeira tentativa de escrever um livro. Fiz um blog para divulgar alguns trechos do livro que já escrevi. Tem um personagem que não é o principal, porém ao escrever ele ganhou vida naturalmente. É um garoto que nasceu com uma deficiência física no braço direito. O Brasil é um Estado totalitário cientifico, crianças deficientes não são toleradas.Expulso da megalópoles, São Paulo, com outras crianças, torna-se,naturalmente, um líder. Estou adorando trabalhar este personagem da minha trama,mesmo não sendo o principal
    Se alguém do blog puder avaliar alguns trechos do que postei no blog, ficaria grato com sugestões.
    http://unversosdasideias.blogspot.in/2014/04/rascunhos-de-um-possivel-livro-de.html#.VNa8_udA5OI
    No mais, abraços.
    Francisco.

  2. Karen Soarele disse:

    Gosto de criar personagens com visões de mundo opostas, isso gera bons conflitos. Mas cada um deles precisa ter sua linha de raciocínio dentro de uma lógica, com fundamento, senão acaba ficando forçado.

    • Erick Santos Cardoso disse:

      Sim, a criação tem que levar em conta os contrastes, para termos resultados interessantes, né? Obrigado pelo comentário!

  3. Ana Lúcia Merege disse:

    Concordo em gênero, número e grau. E, assim como você, Eduardo, e o Eric, também tenho um texto sobre isso. Quem quiser ler pode clicar aqui: http://castelodasaguias.blogspot.com.br/search/label/Sobre%20a%20Escrita .

  4. Melissa de Sá disse:

    Eu acho que a parte do “mesmo que não concorde com elas” é essencial. Como autores, não temos que concordar com nenhuma motivação de nossos personagens. Afinal, quem é que concorda com alguém que age por vingança ou por egoísmo? Ou mesmo alguém que se vitimiza e reclama o tempo todo? Mas eles são personagens e precisam ter traços críveis, precisam agir por conta própria e nós autores, no fundo, não temos que aprovar.

    O contrário também é perigoso: criar aquele personagem que você super se identifica e usá-lo como “mouth” de todas os seus pensamentos e visões de mundo. Também nesse caso pode haver problema, pois o personagem pode ficar artificial.

    Também não gosto de ler livros em que todo mundo fala igual. Acho que não tem coisa que desanimad mais na leitura. O livro pode até estar bem escrito, com boas cenas, mas se um artesão fala que nem o político e o filho de cinco anos de alguém, olha, tem um problema grave aí.

    Muito bom o texto, Eduardo! 🙂

    • Eduardo Kasse disse:

      Isso mesmo Melissa!

      Nossos personagens devem ser organismos vivos dentro da história. E nós autores só temos o direito de liberar as suas vozes, sem julgamentos ou “interferências”.

      Obrigado pela mensagem!