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Ana Lúcia Merege fala sobre a coletânea Excalibur – histórias de reis, magos e távolas redondas

capa_excalibur-600A Ana Merege, organizadora da coletânea, contou-nos um pouco mais sobre o projeto e a redescoberta e releitura do mito arturiano.

Aproveite!

1) O que vamos encontrar no livro Excalibur – histórias de reis, magos e távolas redondas?

Em Excalibur encontraremos 12 contos nos quais o mito arturiano é revisitado de mil maneiras diferentes. O resultado foi uma grande diversidade de estilos, cenários e gêneros que vão da fantasia heroica ao dieselpunk.

Roberto de Sousa Causo abre o livro com um conto mais “tradicional”, protagonizado por um guerreiro lusitano que luta sob as ordens de Roma – isso foi mencionado na obra de um dos grandes autores da tradição arturiana, Thomas Malory. Outro desses autores, Lord Alfed Tennyson, que escreveu o poema A Dama de Shalott, serviu de mote para dois contos:  O Espelho, de Liège Báccaro Toledo, e O Herdeiro de Shalott, de Ana Cristina Rodrigues.

O sonho de se tornar um cavaleiro sempre existiu entre os jovens. Esse foi o tema escolhido por Melissa de Sá para seu conto O Fio da espada e por André Soares Silva para Cavaleiro anônimo. 

As urdiduras do mago Merlin estão por trás do conto Mau conselho, de Pedro Viana – protagonizado por um jovem e descontente Mordred – e de A Dama da floresta, conto escrito por mim com base nas narrativas galesas e na tradição céltica de oferecer armas às divindades ligadas aos lagos e rios.

Alguns dos contos de Excalibur são ambientados em cenários diferentes dos tradicionais. As Mãos vermelhas de Isolda, de Octavio Aragão, apresenta um universo arturiano alternativo; Momento decisivo, de Luiz Felipe Vasques e Daniel Bezerra, é uma space opera; A. Z. Cordenonsi optou por situar a corte de Artur num cenário steampunk, com dirigíveis e artefatos mecânicos, em A Solução Final.

O aspecto messiânico de Artur não poderia estar ausente desta coletânea. Em A Fada, Marcelo Abreu relata a batalha pelo poder da corte de Camelot dentro de um contexto distópico e futurista. O volume se encerra com O Rei às margens do rio, em que Cirilo Lemos retorna ao Brasil alternativo do conto publicado na antologia Dieselpunk.

2) De onde surgiu a ideia de organizar uma coletânea sobre esse tema? Ela não corria o risco de virar mais do mesmo?

A ideia surgiu do meu fascínio pelo tema, do fato de saber que muitas outras pessoas iriam curtir essa antologia e da constatação de que o universo arturiano oferece um sem-fim de possibilidades para um escritor. Nunca pensei que poderia ser “mais do mesmo”, até porque desde o início determinamos que não usaríamos recontos.  Os autores ficaram livres para criar, e, como foi dito acima, a diversidade foi o mote. Há contos dentro do universo mais tradicional, tanto o do Artur dos mitos celtas quanto o que foi construído pelos escritores medievais, mas personagens e histórias novas foram desenvolvidos. Há contos em outros universos e em estilos tão diferentes quanto o dieselpunk, o steampunk e a space opera. Há contos mais adultos e outros com “pegada” mais juvenil.

Sou da opinião que, ainda que haja mais dez coletâneas do tema, nos próximos anos, todas serão capazes de trazer histórias diferentes e interessantes. É um universo que nunca se esgota, por estar repleto dos arquétipos universais que povoam nosso inconsciente e que recriamos, dia após dia, não só na escrita, mas em nossas vidas.

3) O que você contaria aos leitores que estão prestes a conhecer o “universo” arturiano?

Acho que os leitores estão familiarizados com o universo arturiano em seus traços mais gerais. Podem citar os personagens principais, pelo menos da versão medieval (Artur, Merlin, Lancelote…) e os episódios mais emblemáticos (a espada na pedra, a “traição” de Lancelote e Guinevere…). Muitos devem ter lido autores como Marion Zimmer Bradley e Bernard Cornwell e construído, mentalmente, um cenário que esteja de acordo com essas obras.

O que eles encontrarão nesse livro é uma diversidade maior de histórias e cenários, e espero que essas leituras sirvam para instigá-los a novos voos literários, novas descobertas. Meu conto, por exemplo, fala do Artur mais antigo, o celta – nessa tradição não existia Lancelote, e figuras como a de Kay e Bedwyr (que mais tarde virou Bedivere) eram mais proeminentes – e se eu o lesse ficaria tentada a saber mais sobre essa tradição. Quem ler os contos da Liège e da Ana Cristina possivelmente vai ter interesse em procurar o poema original A Dama de Shalott. Enfim, o que eu desejo é alimentar a chama que manteve viva por tantos anos a imagem e a história do Rei Artur, lançando luz sobre as várias versões e tradições.

4) Você poderia nos dar um trecho interessante do livro?

Eu era pouco mais que uma criança, mas me lembro de tudo: os berros dos homens, o som de espadas se chocando e de escudos partidos, o cheiro acre do sangue, do metal e da fumaça das choupanas incendiadas. A nossa também começou a arder, obrigando minha mãe e eu a deixar nosso esconderijo e a correr em direção à floresta. Outros fizeram o mesmo, alguns com mais e outros com menos sorte, de forma que, quando tivemos coragem para regressar à aldeia, apenas uma em cada cinco pessoas tinha sobrevivido. Meu pai jazia numa poça de sangue, com a barriga rasgada começando a se cobrir de moscas; meu irmão estava mais adiante, mas o reconheci pelas roupas, já que a cabeça fora cortada e não se encontrava à vista.

Diante disso, comecei a chorar, mas os soluços não duraram muito. Logo alguém, que não era minha mãe, me puxou pelo braço, fazendo com que eu destapasse os olhos e o encarasse. Era um homem ainda moço, de cabelos negros em meio aos quais brilhavam fios de prata. Tinha um rosto sério, mas que me pareceu bondoso, com olhos azuis repletos de compaixão por nossos mortos e pelos que ainda estavam vivos. Hoje eu sei que essa era apenas uma das suas máscaras.

Quer saber mais? Acesse: http://editoradraco.com/2013/09/02/excalibur-historias-de-reis-magos-e-tavolas-redondas/

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0 Comments

  1. Liége disse:

    Opa, ficou estranho meu comentário. Corrigindo: *o interesse começou da forma mais inocente possível…

  2. Liége disse:

    Nossa, também estou super curiosa para conferir todas essas versões diferentes do universo arthuriano. Essa é uma temática que sempre me interessou, muito, e lembro que ela começou da forma mais inocente possível: com o desenho “A Espada era a Lei”, da Disney :).

  3. Melissa de Sá disse:

    Eu concordo com a Ana: não tem como ter “mais do mesmo” quando se fala do universo arthuriano. Eu já li inúmeras versões e não me canso. Confesso que gosto da releitura francesa do Malory, Le Morte D’Arthur, e dessa veia que tem Lancelot e traição e Graal e tudo mais. Minha releitura favorita é mesmo a Marion Zimmer Bradley, que faz uma misturinha dessa tradição francesa com a versão celta mais antiga. Mas gosto de passear por outras possibilidades arthurianas também: Arthur futurista, no presente, em outros planetas. Enfim, é simplesmente inesgotável. A figura do próprio Arthur, pra mim, é uma coisa fascinante pra mim. Escrever nesse tema foi tipo um sonho realizado e pretendo escrever mais.

    Mal posso esperar pra ler todos os contos!

  4. Karen Alvares disse:

    Uau, tem até space opera? Fiquei curiosa, como ligar space opera a uma história arturiana?
    Sou dessas que só leu Marion Zimmer Bradley, mas estou bastante curiosa para conhecer essas histórias. Parabéns pela ideia de organizar uma antologia tão diferente, Ana! E parabéns para todos os autores! =)